No primeiro ano da gestão do presidente Jair Bolsonaro, houve uma piora em áreas como a educação, saúde, assistência social e meio ambiente, segundo levantamento do jornal Folha de S. Paulo divulgado neste domingo (16).
Dos 104 indicadores avaliados, 58 deles mostraram resultados piores do que em 2018 ou outro período de comparação mais adequado. Para a análise, foram condensadas estatísticas de diversos órgãos do governo federal ou vinculados a ele, como o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), além de dados, estudos e pesquisas de instituições privadas, como o Datafolha, ou que acompanham setores específicos.
Programas de proteção social e transferência de renda para famílias em situação de pobreza e de extrema pobreza, como o Bolsa Família e o Minha Casa Minha Vida, voltaram a ter filas de espera e situações de colapso.
Desde o ano passado, o governo federal congelou o Bolsa Família mesmo nas regiões mais carentes do país. Cerca de um milhão de pessoas aguardam para ingressar no programa. A fila de espera havia sido zerada em julho de 2017 e não há previsão para ser extinta novamente.
Na faixa 1 do Minha Casa Minha Vida, voltada para as famílias mais pobres, houve atrasos nos repasses a construtoras e o número de imóveis entregues caiu 57%.
No INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), há falta de pessoal e deficiências estruturais que geraram uma fila de 1,3 milhão de pessoas a espera de seus benefícios.
O MEC (Ministério da Educação) sofreu sobressaltos políticos, trocas no comando da pasta, cortes de investimentos em educação básica, ensino superior e em pesquisa.
Apesar de não contar nos indicadores analisados, o Enem 2019, o primeiro sob a gestão do novo governo, também teve problemas graves com as notas de milhares de estudantes.
Saúde
Na saúde, oito indicadores tiveram piora, segundo o Ministério da Saúde. Com a não renovação dos contratos do programa Mais Médicos, houve redução no número de médicos na atenção básica, situação que não era registrada desde 2011, e de agentes comunitários de saúde.
A mortalidade infantil aumentou, segundo dados preliminares de janeiro a junho do último ano, devido a problemas na rede de saúde e ao aumento no volume de internações por pneumonia em menores de 5 anos.
Doenças já erradicadas ou que haviam diminuído os casos voltaram a preocupar. É o caso da dengue (com o segundo maior número de casos e mortes já registrado na série histórica, com 782 mortes) e do sarampo (18 mil casos contra 10 mil no ano anterior).
Meio ambiente
No meio ambiente, também há retrocessos. O desmatamento na Amazônia cresceu 29,5%. As queimadas, 86%. Já as multas por crimes ambientais aplicadas pelo Ibama caíram cerca de 25%.
Em toda a gestão do presidente não houve demarcação de terra indígena nem mesmo declaração (autorização para a área ser demarcada), superando a pior marca até então, a de Michel Temer (2016-2018) — três terras indígenas declaradas e uma homologada.
A reforma agrária foi praticamente paralisada. O Incra homologou 5.409 lotes relativos a processos antigos de agricultores que ocupavam áreas sem autorização da autarquia.
Com informações da Folha de S. Paulo