Autor: Domingos Leonelli
Ex-deputado federal, atualmente presidente do Instituto Pensar e coordenador do portal Socialismo Criativo
Enfim surge uma luz, não no fim, mas no começo do túnel dessas eleições municipais de 2020. Parece que uma nova esquerda começa a surgir, não contra o PT, não apesar do PT, não sem a participação do PT em alguns casos, mas não dependente do PT.
E isso é o melhor que poderia acontecer. Para a esquerda brasileira e para o próprio PT, que começava a repetir o velho dogma da igreja católica segundo o qual “fora da igreja não há salvação”. E que cometeu o grave erro estratégico ao determinar que não faria alianças nas capitais.
O conjunto da esquerda está dando a resposta correta àquela postura exclusivista e autocentrada. O crescimento de candidaturas de esquerda, em alianças generosas, nas várias capitais revela uma força nova, que está proporcionando aos partidos de esquerda um oxigênio que será muito importante para 2022.
No Rio de Janeiro tudo indica que quem disputará o segundo turno é a delegada Marta Rocha do PDT com apoio do PSB.
Em São Paulo, as candidaturas de Guilherme Boulos (PSOL) e de Marcio França (PSB) crescem e, certamente, um dos dois estará no segundo turno contra o candidato do PSDB de João Dória.
Em Recife, João Campos (PSB) abre uma frente cada vez maior. Em Porto Alegre, Manuela Dávila (PCdoB) desponta na frente das pesquisas.
Em Florianópolis o candidato do PSOL, com apoio do PSB e outros partidos, inclusive o PT, disputa fortemente. E no Rio Branco, a prefeita Socorro Néri (PSB) lidera o processo.
Já em Maceió, a candidatura de JHC pelo PSB, tendo como vice o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT) também está liderando as pesquisas.
E em Salvador a candidata do PT, a major Denice, depois de iniciada a campanha de TV, redes sociais, carreatas e tudo o mais, contando com o apoio explicito do governador, chega a 10% da preferência do eleitorado.
Ora, 10% era o que a deputada Lídice da Mata tinha antes de começar a campanha sem TV, sem redes sociais, sem apoio de ninguém. Mas Lídice não é do PT e a ordem do partido era ter candidato próprio em todas as capitais.
Mas vamos aprender as lições de 2020 para que em 2022 possamos levar a cabo um mínimo de planejamento, abrir espaços para alianças no primeiro e no segundo turno, praticar a generosidade em nome dos interesses do povo brasileiro, e não de cada partido em particular.