Marina Silva, candidata à Presidência da República pela Coligação Unidos pelo Brasil, e Beto Albuquerque, candidato a vice, visitaram nesta quinta-feira (25) a Central Única das Favelas (Cufa), em Madureira, no Rio de Janeiro. Eles foram recebidos por Preto Zezé, presidente da Cufa e, ao lado de lideranças políticas, assistiram a apresentações de basquete, capoeira e dança. Após conhecer as oficinas de trabalho locais, os candidatos da chapa participaram do lançamento do livro “Um país chamado favela”, de Renato Meirelles e Celso Athayde, na presença de 15 lideranças de favelas cariocas e convidados da comunidade local.
Segundo os autores do livro, as favelas brasileiras reúnem atualmente 12 milhões de pessoas que movimentaram, somente em 2013, R$ 63 bilhões – cifra equivalente a quase todo o consumo das famílias da Bolívia e do Paraguai, citaram os autores. “Não dá para pensar em política pública sem pensar em 12 milhões de pessoas que estão nas favelas”, disse Renato Meirelles.
“A ideia é que ela (Marina) também possa ajudar a fazer reflexões”, acrescentou Preto Zezé, enquanto apresentavam dados do levantamento contido no livro para os candidatos da coligação. “O espaço é impressionante. Comove e envolve a gente, pela qualidade do que se encontra aqui em conceito, respeito, sonho e realização”, disse Marina, sobre o trabalho realizado pela Cufa.
De acordo com dados da publicação, 53% dos moradores de favelas já chegaram a ficar sem dinheiro para comer, 25% deles recebem o Bolsa Família – enquanto no Nordeste essa fatia é de 40%, frisou Meirelles – e 51% das pessoas tem empregos formais. Outras estatísticas mostram, ainda, que a qualidade dos serviços públicos está longe do ideal nas comunidades, já que 85% dos moradores não estão satisfeitos com a segurança pública, 79% com o transporte publico e 77% com o saneamento básico.
Em meio aos dados que apontam insatisfação com o entorno, os autores destacaram um outro dado, positivo, que reflete o peso que a educação vem ganhando na vida das pessoas: 71% dos moradores acreditam que só é possível prosperar na vida estudando. “É um momento histórico para nós. Historicamente os candidatos se reúnem com federações de indústrias, de bancos, com a ordem dos advogados. Hoje eles estão se reunindo também com as favelas do Brasil, então é um novo país. É um país mais exigente, que tem outra perspectiva. É um país mais informado”, disse Preto Zezé.
Na ocasião, Marina frisou a importância do papel do esporte e da arte como ferramentas para a educação dos jovens e reforçou seu compromisso nessas áreas. “Eu queria compartilhar uma experiência: eu tive um sonho uma vez, um sonho de me alfabetizar. Mas toda vez que eu dizia que queria ser freira a minha avó dizia que freira não podia ser analfabeta. Eu agradeço muito a ela. A educação, me preparar, foi muito importante para mim”, contou a candidata.
“Se com tão pouco vocês fizeram tanto, como é que o governo, com tanto, não faz o que é necessário?”, disse Marina, ao parabenizar os membros da entidade. “A Cufa faz um trabalho importantíssimo de inclusão social”, acrescentou Beto.
No início da noite, os candidatos da coligação participaram de um comício em Duque de Caxias (RJ), onde reforçaram a importância de fazer uma campanha política limpa e de discutir as propostas que apresentaram – relembrando que os adversários, a dez dias do primeiro turno, ainda não o fizeram.
“Nós não queremos destruir a Dilma e o Aécio. Nós queremos construir o Brasil. Nos ajudem a falar das propostas. Quem está nas redes sociais aqui?”, perguntou Marina ao público carioca presente. “Eles [adversários] têm milhares de pessoas pagas nas redes sociais para mentir. É um verdadeiro ‘mensanet’. Agora, espontaneamente, por favor, nos ajude a falar a verdade, a falar das propostas”, finalizou a presidenciável.