Candidata à Presidência da República pela Coligação Unidos pelo Brasil, Marina Silva reafirmou ontem a necessidade de um debate programático em torno dos problemas do Brasil e alertou para as distorções impostas pela tradicional polarização entre PT e PSDB: para ela, a intolerância política já contamina outros aspectos da vida em sociedade, movimento que deve ser freado. “Nós não podemos continuar com a cultura da polarização. Tudo o que a gente vê é uma guerra entre o azul e o vermelho e nós não queríamos entrar num jogo de que, agora, seria uma guerra do azul com o vermelho, o verde e o amarelo”, afirmou. “Nós sempre tivemos uma convivência adequada na diversidade social, cultural e religiosa. Não podemos aprofundar a polarização, que acontece erradamente na política, na sociedade”, alertou.
Na abertura da 5ª Assembleia Geral Eletiva da Associação Nacional de Educação Católica (Anec), Marina reafirmou sua determinação de não atacar seus adversários na disputa eleitoral e manter o debate do seu programa de governo. A candidata do PSB voltou a rejeitar a ideia de uma gestão fragmentada e disse que governará para todos os brasileiros. “Como presidente da República, serei a presidente de todos os brasileiros. Nosso Estado laico assegura o direito de quem crê, de quem não crê e assegura, sobretudo, que um Estado laico não é ateu, é Estado para defender os interesses de quem crê, de quem não crê, na sua diversidade social, cultural e religiosa”.
A presidenciável foi categórica ao negar a extinção dos programas sociais em andamento e pediu respeito ao povo brasileiro. “Estão dizendo que eu vou acabar com tudo e mais um pouco”, brincou. “Contra o marketing selvagem, não valem argumentos. Eu peço a Deus pelo discernimento do povo brasileiro”, desabafou, referindo-se à tática de seus oponentes, que partiram para a disseminação de mentiras para influenciar o eleitor. “Não é possível uma pessoa acabar com o pré-sal, Fies, Pronatec, Bolsa Família, Minha Casa Minha Vida, transposição do Rio São Francisco, (ferrovia) Transnordestina, décimo terceiro salário, férias, Petrobras, Caixa Econômica, Banco do Brasil… Se uma pessoa pode fazer tudo isso é por nós termos um país que é o quê, de papel? Não é. Isso fere o bom senso e a inteligência dos brasileiros”, disse.
Segundo ela, a sociedade brasileira deixou um recado claro, exigindo mudanças e mais qualidade na política: mudem, antes de serem mudados. “Nós queremos criar uma nova lógica e tomar posição. Não seremos nem oposição raivosa, nem situação cega, mas teremos compromisso com o Brasil”, afirmou. “Não quero ganhar perdendo. Eu só quero ganhar ganhando”, ressaltou, referindo-se aos ataques diários que recebe de seus adversários. “A gente ganha perdendo quando, para ganhar, vale tudo, quando se abre mão dos princípios, se abre mão dos valores. Nosso objetivo não é destruir a presidente Dilma, o governador Aécio. O nosso objetivo é construir o Brasil que queremos”, finalizou.