Em audiência pública realizada nesta quinta-feira (8) pela Comissão de Trabalho, Legislação e Serviço Público na Câmara dos Deputados, o deputado Mauro Nazif (PSB-RO) sugeriu a criação de uma Frente Parlamentar em Defesa da Polícia Federal. A audiência teve como objetivo estimular o diálogo entre os dirigentes sindicais e o governo, que não avançou nada desde o fim da greve da Polícia Federal, em outubro, após 69 dias de movimento.
Na presença de representantes do governo e de lideranças classistas da Polícia Federal, Nazif citou a Frente Parlamentar em Defesa da Polícia Rodoviária Federal como exemplo a ser seguido na busca de soluções para as reivindicações da Polícia Federal. “Com a frente parlamentar nós conseguimos avançar em diversos pontos reivindicados pelos policiais rodoviários, então creio que este seja um bom caminho também para a Polícia Federal”, disse.
O parlamentar lamentou não poder participar da Frente, pois terá de deixar a cadeira na Câmara para assumir a Prefeitura de Porto Velho em janeiro de 2013, e ressaltou que a Polícia Federal precisa ”se aproximar mais do Congresso Nacional”. Nazif reiterou que sempre esteve de portas abertas, à disposição dos servidores, sem nunca haver sido procurado pelos policiais federais em busca de apoio.
A greve dos policiais federais reduziu em 64% o número de operações de combate ao crime no Brasil nos meses de agosto e setembro. Após termo de compromisso do governo de que as negociações seriam retomadas com a volta ao trabalho, os líderes sindicais concordaram em encerrar o movimento em 15 de outubro. O governo, porém, ainda não cumpriu a promessa, conforme os representantes dos policiais federais.
Nazif aconselhou as autoridades dos Ministérios do Planejamento e da Justiça a voltarem a conversar com os policiais federais. “O governo precisa cumprir o que prometeu, pois estamos próximos da Copa do Mundo, em seguida teremos olimpíadas, além de não podemos esquecer que temos uma fronteira de quinze mil quilômetros prolífica em narcotráfico para patrulhar”, avisou.
Bastante aplaudido pelos presentes à reunião, ele foi taxativo ao dizer que o governo deve reavaliar as relotações nos quadros da Polícia Federal, que teriam sido determinadas após a greve. “São o pior assédio moral que pode existir”, definiu.
As reivindicações dos policiais federais têm como foco o reajuste salarial e a reestruturação das carreiras. Na audiência, o representante do Ministério da Justiça, Marcelo Veiga, comunicou a intenção do ministro José Eduardo Cardozo de realizar uma reunião com todos os sindicatos de categorias de servidores da Polícia Federal no próximo dia 19, às 17 horas. Veiga, no entanto, manifestou a disposição do governo de negociar apenas a reestruturação das carreiras. Representantes da Comissão de Trabalho, Legislação e Serviço Público pretendem acompanhar as negociações.
O Secretário de Relações de Trabalho no Serviço Público do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, afirmou que as conversas a respeito de reajustes salariais recomeçarão somente em 2013, não apenas com os policiais federais, mas também com outras nove categorias, entre elas servidores do Incra, do Banco Central e da Receita Federal.