No primeiro debate entre os candidatos à Presidência, a candidata da Coligação Unidos Pelo Brasil, Marina Silva, teve uma participação bastante destacada, com posicionamentos firmes e aberta ao diálogo e ao debate de ideias. Marina defendeu uma agenda propositiva, voltada para o desenvolvimento sustentável, a renovação política e econômica do país.
“O nosso compromisso é de que o Brasil seja passado a limpo, fazendo a reforma das reformas, que é a reforma política e, a partir daí, nós possamos avançar”, defendeu a candidata, que reforçou que há um desejo de mudança da população, expresso nas manifestações de 2013. “As manifestações de junho apresentam um pacto para atender as reivindicações da população”, comentou. Esse movimento social, para Marina, foi um claro sinal de busca por mudanças e um novo jeito de fazer política.
“A reforma política começa agora, com o debate de ideias, com políticas de juros baixos, controle de inflação e crescimento, desenvolvimento econômico e social. Os parlamentares serão eleitos pela sociedade brasileira a partir dessa nova escolha que fizermos”, pontuou.
A candidata também criticou a atual polarização entre PT e PSDB como um entrave para a evolução do sistema político brasileiro. “Temos de combater a polarização que, há 20 anos, constitui um verdadeiro atraso para o País. Precisamos de políticas coerentes com a renovação e o compromisso com o futuro do Brasil”, disse. “Uma das coisas mais importantes para que a gente possa resolver os problemas, em primeiro lugar, é reconhecer que eles existem”, completou.
Em tom crítico, rebateu a candidata Dilma Rousseff, que apresentou um Brasil mais “virtual” do que real. “Esse Brasil que a presidente Dilma acaba de mostrar, colorido, quase cinematográfico, não existe para as pessoas, que continuam presas no trânsito e em situação de penúria na saúde e na segurança”, reforçou. “O Brasil precisa de visão estratégica. Se olharmos o histórico das conquistas dos últimos 20 anos, veremos que o País não teve presidentes com perfil de gerente. Porém, no último governo, o Brasil será entregue em condições piores por uma candidata que se coloca como gerente”.
Em linha com esse raciocínio, a candidata também reiterou sua visão de Estado como agente de mobilização da sociedade. “Defendo um Estado capaz de mobilizar o melhor da iniciativa privada, do empreendedorismo e de todos os atores da sociedade para atender às necessidades dos cidadãos brasileiros”, reforçou.
A candidata também tratou da urgência da reforma tributária, defendendo um novo modelo, com maior equilíbrio na distribuição dos impostos. “Precisamos implantar os princípios de justiça tributária, em que os que ganham menos paguem menos, e exista transparência. As pessoas querem saber como seus impostos retornarão, em bens e serviços de qualidade”, pontuou.
Questionada sobre sua posição com relação ao agronegócio e às questões ligadas ao meio ambiente, Marina reforçou dados relevantes de sua atuação enquanto ministra do Meio Ambiente (de 2003 a 2008), quando empreendeu esforços para buscar um consenso entre economia e ecologia. “Viabilizei as mais difíceis licenças ambientais na época, como das hidrelétricas de Santo Antonio e Jirau, da BR-163, além do projeto do Rio São Francisco, que foi reposicionado para que fosse viável do ponto de vista econômico, social e ambiental. Trabalhamos sob o conceito inovador de política ambiental transversal e reduzimos o desmatamento em 80% no País”, afirmou.
O debate entre os presidenciáveis da TV Bandeirantes aconteceu nos estúdios da emissora, em São Paulo. Além de Marina Silva, participaram os candidatos Aécio Neves (PSDB), Dilma Rousseff (PT), Eduardo Jorge (PV), Levy Fidelix (PRTB), Luciana Genro (PSOL) e Pastor Everaldo (PSC).