O ex-governador Márcio França foi confirmado nesta sexta-feira (11) candidato do PSB à prefeitura de São Paulo, numa coligação formada com o Partido Democrático Trabalhista (PDT), Solidariedade, Avante e Partido da Mobilização Nacional (PMN).
O presidente municipal do PDT, Antonio Neto, deverá ser oficializado o candidato a vice, em convenção marcada para este sábado (12).
No ato desta manhã, no Auditório da Câmara Municipal de São Paulo, no Centro da capital, os socialistas aprovaram ainda a nominata de 83 candidatos e candidatas à Câmara Municipal. No total, a coligação “Aqui tem palavra” terá mais de 300 candidatos ao legislativo.
A organização do evento adotou as precauções necessárias para evitar aglomerações devido à pandemia de coronavírus. A maior parte dos filiados votou on-line e o evento foi transmitido pela internet.
Por cerca de 20 minutos, Márcio França discursou, com duras críticas às gestões do PSDB na capital e no Estado, e uma convocação aos militantes para a campanha que começa. Disse que não pensava em ser candidato à Prefeitura de São Paulo, mas atendeu a um convite do partido. “A gente já tinha passado essa fase da questão de pensar em prefeitura, mas a vida é engraçada, quando você menos espera surge uma convocação.”
Estiveram presentes à convenção presidentes de partidos aliados, dirigentes socialistas, militantes, e familiares do candidato, como a professora Lúcia França, com quem é casado, e o filho Caio, deputado estadual.
Crítica a tucanos
“São Paulo tem o maior polo de pensamento do país e um dos maiores do mundo. Não é aceitável que não se consiga produzir máscara, não é aceitável que não tenhamos álcool gel, não é aceitável que neste instante tenhamos recorde de mortes pela Covid, porque as pessoas esperam mais da gente”, cobrou.
Citou o governador João Dória e o prefeito Bruno Covas ao criticar suas falhas de atuação durante a pandemia. “O Brasil inteiro olhou pra São Paulo e pensou, o que São Paulo fizer nós vamos fazer. Mas São Paulo bateu cabeça. O prefeito anuncia e volta atrás. O governador, todo santo dia, faz uma live, o que ele sabe fazer, ele é bom nisso, ele é mestre de cerimônia, é bom para conduzir evento, mas não tem nenhuma noção do que ele está fazendo ali.”
Entre os problemas de gestão durante a pandemia, apontou que hospitais de campanha foram fechados antes do fim da pandemia, a um custo alto; que testes sem efeito para diagnóstico da Covid foram comprados; e que os governos não foram capazes de permitir a retomada das atividades escolares à distância.
França disse que apesar de haver 3 milhões de pessoas vivendo com R$ 600,00, os governos do Estado e da capital não têm plano emergencial para quando o auxílio do governo federal acabar, a princípio, em dezembro.
“Na prefeitura, precisamos de maneira emergencial garantir a sobrevivência dessas quase 3 milhões de pessoas que estão vivendo com R$ 600,00, o que vai ser dessa gente em janeiro, sem os R$ 600,00, qual foi o plano que pensaram pra depois de janeiro, para as crianças que estão há um ano sem estudar, qual é o plano de emergência para 130 mil pessoas que esperam uma consulta de traumatologia? Para o ano que vem qual é o plano? Não tem plano!”, criticou.
“Vamos ter muito trabalho”, avisou o ex-governador que nas eleições de 2018 conquistou o voto de 58% dos eleitores, contra 42% de Dória.
Crítica social
Em seu manifestação, Márcio França não poupou os atuais governos pelo abandono da cidade e pela ausência de políticas sociais, em especial, voltadas para pessoas que vivem nas ruas.
“O prefeito passa, o secretário de Ação Social passa, todo mundo passa, como se fossem todos invisíveis. Pra mim eles não são invisíveis, todo mundo ali é gente, e não adianta usar bomba, querosene, que não vai resolver, não adianta”, afirmou, ao comparar com a situação da chamada Cracolândia.
O socialista se mostrou inconformado com a incapacidade de a administração municipal resolver o problema, tendo um orçamento de R$ 65 bilhões. “É a mesma coisa da Cracolândia, é um desafio enorme, um problema sério, são pessoas doentes, mas é claro que tem solução. São mil e poucas pessoas, ora, não é possível que a ‘capital do Hemisfério Sul’, com orçamento de R$ 65 bilhões, não consiga resolver um problema desses que é uma marca, uma chaga. É o símbolo do pacto da vergonha dessa cidade. É todo mundo fingindo que não estava vendo. Eu estou vendo.”
Disputa política
França deixou claro que a disputa de sua coligação será com o PSDB. “Vamos pra luta contra eles, só há uma disputa, nós contra eles. O resto é tudo pinto, como a gente fala, é tudo pato. E eles [tucanos] vão tentar fugir, [mas] a gente tem que respeitar todo mundo”, disse.
“Aqui quem manda é o povo de São Paulo, que está acostumado a liderar, que está a conduzir, que está reivindicando de volta essa função de condução do Brasil”
Convocação
O ex-prefeito de São Vicente disse que, caso vença a eleição, terá um plano de investimentos chamado de “Plano Márcio”, com R$ 2,5 bilhões para ações prioritárias para a cidade.
E aproveitou para convocar os militantes para a campanha e o esforço de se tornar o “melhor prefeito” de São Paulo. “Vamos estar juntos, para a tarefa mais difícil. Porque ser um prefeito é uma coisa dura, mas ser o melhor prefeito só se faz em conjunto. E aí sim, vamos precisar de todos vocês, pra gente mostrar que é possível uma São Paulo com sensibilidade, para não andar com essa quantidade de gente nas ruas, não ter essa sensação de abandono e, acima de tudo, mostrar que São Paulo pode conduzir o Brasil”, afirmou.
História
Nascido em São Vicente (no litoral de São Paulo), Márcio Luiz França Gomes, de 57 anos, é formado em Direito. Desde 1988 é filiado ao PSB, seu único partido. Ele foi vereador de São Vicente (1992 e 1996) e prefeito de São Vicente por dois mandatos.
Em 2007, assumiu como deputado federal. Em 2010, atuou como secretário de Turismo e, em 2015, além de vice-governador, foi secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado.
Em 2018, assumiu como governador durante oito meses e disputou a reeleição, chegando ao segundo turno. Ele é casado com a professora Lúcia França e tem dois filhos.