A senadora Lídice da Mata (PSB-BA) exaltou a solução encontrada por policiais militares em greve e Governo do Estado da Bahia para a desocupação do prédio da Assembleia Legislativa do Estado, ocorrida nesta quinta-feira (9). Em sua opinião, a posição pacífica, mas firme do governador Jaques Wagner, evitou que houvesse derramamento de sangue. "É este espírito democrático que permitiu que os mesmos policiais que ocupavam o predio da Assembleia pudessem sair e voltar a se reunir no Sindicato dos Bancários. Então veja como é importante garantir o estado democrático de direito", argumentou.
A declaração foi feita durante entrevista ao Programa Bahia Notícias no Ar, na Rádio Tudo FM (102,5). Para Lídice, as gravações que apontam a posição favorável do governador à greve de 1992, quando era deputado federal oposicionista, não tiram a sua autoridade e legitimidade para defender a manutenção da ordem pública. "Isso também é inerente ao processo democrático. Um deputado tem o direito de se opor, desde que se respeite o limite estabelecido pela lei", observou.
"Acompanhamos tudo passo a passo com a convicção que o Governo do Estado trabalhou sempre em manter o diálogo permanente com os manifestantes, sem perder a autoridade", declarou a Senadora, para quem o governo ofereceu uma proposta econômica "acima de suas forças", que reforça "o respeito e a confiança da população à instituição da Polícia Militar".
Durante a entrevista, o jornalista Samuel Celestino lembrou que foi testemunha de um episódio em que Lídice, quando prefeita, convenceu os funcionários da Limpurb a desistir de fazer greve antes do Carnaval com um discurso de improviso feito em cima de um caixote para os sindicalistas que representavam a categoria.
Lídice pontuou que no presente caso o governo não tinha como negociar como policiais armados. "Parece ser um detalhe, mas na verdade é essencial. A democracia brasileira foi conquistada à custa de muitas vidas, é preciso preservar os contratos firmados sobre como deve se organizar a sociedade, e um deles diz que de armas na mão não se convence o outro, você se impõe ao outro".
Para a senadora, o mais importante é que os policiais entendam que a sociedade baiana não é insensível nem contrária às suas reivindicações, mas contra os métodos empregados para alcançá-las. "Para isso a categoria precisa negociar. A luta por melhores condições de trabalho não acaba com a greve, é um processo permanente".
"Todos nós temos que tirar as lições desta greve: o movimento popular, o movimento sindical, a sociedade e o governo. Posso assegurar que na pauta do Congresso Nacional estará em discussão um novo modelo de segurança pública", assinalou.