
“Temos que dar responsabilidade ao povo brasileiro porque eles saberão construir um presente e um futuro para o nosso país”, defendeu Renato Casagrande. Foto: Chico Ferreira
Mais de 90 deputados e senadores lançaram nesta quarta-feira, 7, em Brasília, a Frente Suprapartidária por Eleições Diretas Já, formada por PSB, PDT, PCdoB, PT e PSOL.
Representantes de organizações da sociedade civil e movimentos sociais e, inclusive, parlamentares de partidos da base aliada também participaram do ato que lotou o salão nobre da Câmara dos Deputados.
Segundo o coordenador da Frente, senador João Capiberibe (PSB-AP), o primeiro ato do grupo deve ocorrer no dia 22 de junho, em João Pessoa, com a presença de governadores, parlamentares, prefeitos e integrantes de movimentos sociais.
“Só temos uma maneira de reconciliar a nação. É promovendo eleições diretas”, afirmou o socialista. Ele defendeu ampliar a mobilização nos estados e municípios. “Que as assembleias legislativas e câmaras municipais também organizem frentes de luta pelas diretas”, afirmou.
Segundo pesquisa do Instituto Paraná, 90,6% dos brasileiros querem uma nova eleição para presidente do Brasil.
O lançamento da frente contou com a presença do secretário-geral do PSB, Renato Casagrande, que representou o presidente nacional Carlos Siqueira, dos presidentes nacionais do PDT, Carlos Lupi, do PCdoB, Luciana Santos, do PT, Gleisi Hoffmann, e do PSOL, Luiz Araújo.
O secretário-geral do PSB, Renato Casagrande, disse que só a mobilização da sociedade fará com que o Congresso Nacional se posicione com relação as Diretas Já. “Já está mais que comprovado que, além da legitimidade, é preciso que um líder tenha a legitimidade popular, não basta a legitimidade constitucional, estamos comprovando na prática essa necessidade”, afirmou o socialista, que também preside a Fundação João Mangabeira, braço de formação do PSB.
Casagrande reforçou o valor do voto popular. “Juntos, os cidadãos, a população é muito mais sábia do que qualquer colegiado. Temos que dar responsabilidade ao povo brasileiro porque eles saberão construir um presente e um futuro para o nosso país”, defendeu.

“Só temos uma maneira de reconciliar a nação. É promovendo eleições diretas”, afirmou o coordenador da Frente, senador João Capiberibe. Foto: Humberto Pradera
Além dos partidos que formam a Frente, o evento contou com a presença de parlamentares de outros partidos, como Podemos, Avante, Rede, PSD, PMDB e PMB.
Estavam representadas a Associação Nacional dos Magistrados do Trabalho (Anamatra), a Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Associação Nacional dos Procuradores do Trabalho (ANPT), a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais (Contag) e a União Nacional dos Estudantes (UNE).
Além de fortalecer o movimento popular pelas Diretas, com a participação da classe artística, de movimentos sociais e organizações da sociedade civil, a Frente tem como objetivo pressionar o Congresso a aprovar a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 227/16.
A PEC prevê eleição direta para presidente e vice-presidente da República no caso de vacância desses cargos, exceto nos últimos seis meses do mandato. A análise da admissibilidade na Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania está prevista para terça-feira (13).
O QUE FALARAM DEPUTADOS SOCIALISTAS E SINDICALISTAS

Foto Chico Ferreira
“Todo poder emana do povo”
Para o deputado Tadeu Alencar (PSB-PE), o presidente da República tem uma conduta incompatível com o decoro do cargo mais importante do país, e perde, a cada dia, as condições mínimas de permanecer no cargo.
Alencar defende as eleições diretas como a única forma de “resolver a crise, de pacificar o Brasil e colocá-lo na rota do crescimento e do desenvolvimento”.
“Uma crise de tamanha dimensão só tem uma forma de resolver, que é exatamente devolvendo à população e à sociedade a sua prerrogativa, porque assim o diz a Constituição Federal, de que ‘todo poder emana do povo’, pra que possa escolher diretamente o seu presidente”, afirmou.
“Tomar o destino nas mãos”

Foto Chico Ferreira
A deputada federal Janete Capiberibe (PSB-AP) disse que feliz é o povo que toma nas mãos o seu destino. “Se este governo não for barrado, o povo brasileiro será injustiçado pelas próximas três gerações”, afirmou Janete.
Para ela, as principais ameaças do governo Temer são as reformas da previdência e trabalhista, o congelamento de gastos, e a entrega das riquezas nacionais, como o pré-sal.
“Eleições diretas é a única forma de tirar o crime organizado do poder e de tomarmos em nossas mãos o destino do Brasil”, defendeu.

Foto: Sérgio Francês
“Grandeza de discutir eleições gerais”
O deputado federal Júlio Delgado (MG), destacou o “sentimento plural” da Frente, com a representação de vários partidos, inclusive da base do governo. Criticou as eleições indiretas e chegou a defender eleições gerais, porque, para ele, “todos os cargos estão profundamente comprometidos, inclusive aqui no Congresso”.
“Se alguém está pensando em solução para adiantar ou não adiantar as reformas, para blindar Michel Temer, da mesma forma que Eduardo Cunha fez na presidência da Câmara, essa solução passa por eleições indiretas, pela manutenção desgastada de Temer na presidência”, disse.
“Mas se a gente quer uma solução que delegue o poder a quem o detém, como prevê o artigo primeiro da nossa Constituição, é fazermos eleições diretas, inclusive, com a grandeza de discutirmos eleições gerais, pois todos os cargos estão profundamente comprometidos, inclusive aqui no Congresso”, afirmou Delgado.
“Repúdio à interrupção da democracia”

Foto: Sérgio Francês
Para o deputado Bebeto Galvão (PSB-BA), o ato representa um repúdio dos partidos à interrupção da democracia, manifestada por meio de medidas de iniciativa do governo Temer, como a terceirização, as reformas trabalhista e previdenciária, e a liberalização da economia.
“Ao atestarmos que esse governo chafurda na corrupção, que Temer não tem legitimidade para continuar a dirigir nosso país, as eleições diretas se tornam o mecanismo para devolver ao nosso povo a autonomia do voto”, afirmou.

Foto: Sérgio Francês
“PSB é partido de princípios”
O vice-presidente da Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Vicente Selistre, destacou o papel do PSB na formação da Frente e na contestação do governo e das reformas da previdência e trabalhista.
“PSB é um partido que tem seus princípios no socialismo democrático e convocar uma Frente Parlamentar Pró-Diretas Já, para que o povo brasileiro possa discutir os rumos do país, corresponde à sua história de compromisso com as lutas populares e a democracia”, afirmou.