A fim de investigar os efeitos das mudanças do clima no avanço do nível do mar, será instalado no arquipélago de Fernando de Noronha, nesta sexta-feira (04), equipamento capaz de fazer o respectivo monitoramento (Marégrafo). Através desta ação, Pernambuco também se qualifica para realizar pesquisas que permitirá desenvolver prognósticos capazes de identificar o comportamento futuro do nível do mar.
A iniciativa é do Laboratório de Meteorologia de Pernambuco (Lamepe), em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) e a Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A ação integra as metas do Projeto Estudo das Mudanças Climáticas e seus Efeitos em Pernambuco (Muclipe). O projeto foi aprovado pela Financiadora de Estudos e Projeto (Finep), do Ministério de Ciência e Tecnologia.
De acordo com a coordenadora do Lamepe, Francis Lacerda, que também coordena do Muclipe, os dados coletados serão introduzidas em modelos computacionais oceânicos, que serão calibrados a partir da realidade do comportamento do oceano adjacente à costa do Estado, para, juntamente com os cenários futuros do clima regional, indicar qual será o comportamento futuro. “Através dessa correlação será possível identificar a evolução do nível do mar para 2020, 2030, 2040 e 2050 na costa pernambucana”, informa.
A pesquisadora explica que quanto mais gás carbônico é liberado na atmosfera, mais se aumenta o nível do mar. A relação é direta porque os oceanos são sumidouros de CO2 e, quanto mais absorvem, mais se expandem. “Eles capturam 50 vezes mais que as florestas tropicais”, conta. Ela ressalta que os oceanos possuem capacidade de absorção de cerca de 50% de todo CO2 liberado no planeta. Francis destaca ainda que os oceanos são os moduladores naturais do clima, logo, mudanças em seu padrão altera diretamente o clima. “Portanto, os eventos extremos também aumentarão”, informa.
Dessa forma, a ação de monitoramento do nível do mar é estratégica para o Estado, sobretudo, devido à vulnerabilidade de sua população costeira. Segundo dados divulgados pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade (SEMAS), a densidade populacional da costa pernambucana é a maior do Brasil, com 913 habKm2, superando inclusive, o estado do Rio de Janeiro, com 806 habKM2. “Neste contexto, a iniciativa do Muclipe visa colaborar cientificamente para refletir uma realidade climática e oceânica das próximas décadas, a fim de colaborar para subsidiar os tomadores de decisão na elaboração de políticas públicas relacionadas”, diz Francis.