Segundo candidato mais votado na disputa ao governo do Rio de Janeiro, o deputado federal Marcelo Freixo (PSB) afirma que o campo democrático terá um grande desafio nos próximos anos. Em entrevista ao Portal Terra, publicada no último domingo (23), Freixo defende que, se confirmada a vitória de Lula e Alckmin nas urnas no dia 30, as forças democráticas terão de fazer uma aliança “mais ampla do que as convenções eleitorais são capazes de fazer”.
“Primeiro ganhar essa eleição no dia 30 com o cenário que nós temos. Depois do 30, o mais importante é que precisamos fazer um governo de frente ampla para os próximos anos e se preparar para uma cultura de frente ampla para 2024, 2026 e talvez por muito mais tempo”, destaca.
Na entrevista, Freixo afirma que Bolsonaro “é um sintoma e não causa” de uma “era bolsonarista”.”Ele é uma consequência da era bolsonarista. Não é à toa que o bolsonarismo vem do Rio de Janeiro: um lugar onde tem tantos territórios dominados pela força, pela não instituição, pela não legalidade, pelas armas. Não é à toa que é do Rio que surge a matriz bolsonarista e o próprio representante desse bolsonarismo”, diz.
Para ele, essas eleições não é uma disputa entre direita e esquerda, entre economia liberal ou não. “A era bolsonarista significa um avanço de uma extrema direita, o avanço de uma ameaça democrática, de uma ameaça à liberdade de imprensa, de uma ameaça à educação, de uma ameaça à ciência. A gente está diante de algo muito grave”, diz.
Freixo afirma que o avanço das milícias no Rio de Janeiro, que ampliou o domínio territorial no Estado em 380%, segundo ele, não significa apenas um aumento do crime, mas “o aumento de uma política”. “A milícia não é só um grupo criminoso, a milícia é um projeto de poder e que tem muito a ver com esse establishment do Rio de Janeiro. Isso define muito este mapa eleitoral do Rio”.
Assim, disputar o Rio de Janeiro é uma disputa civilizatória do Brasil, considera. “Não é à toa que saiu daqui esse projeto bolsonarista. Por isso que eu digo não é uma disputa eleitoral. É uma disputa civilizatória que a gente tem, de qual modelo de civilização que nós vamos ter pro Brasil e para o Rio de Janeiro também nos próximos tempos”, destaca.
Na opinião do deputado, Bolsonaro, que em mais de 20 anos no Congresso Nacional nunca foi um líder nacional: foi alçado a figura popular pela crise da democracia após 2014. Ao contrário, Lula foi forjado na luta pela democracia, nas lutas de rua que culminaram na Constituição de 88, observa. “O outro foi forjado originalmente nas redes sociais, na crise da democracia e oriundo de um Rio de Janeiro que tem exatamente esse avanço de uma sociedade miliciana”, afirma.
Ao ser questionado sobre a visão de que os partidos vêm errando na comunicação política nos últimos anos, e como eles podem melhorar neste campo, Freixo defende “uma forma de comunicar melhor com a sociedade”. “Eu acho que a força do bolsonarismo tem muito a ver com a sua capacidade de comunicação. O grande desafio é criar uma política de comunicação. Nós temos que disputar uma forma de comunicar melhor com a sociedade. Porque é aí que a gente perde”, diz.
Na avaliação do deputado, a disputa hoje também é uma disputa de comunicação. “Então nós teremos que ter nos próximos anos uma capacidade de formar comunicadores e se comunicar numa sociedade que mudou, que não é mais uma sociedade da década de 80. É uma sociedade que se comunica através das redes, onde essa extrema direita conseguiu avançar infinitamente mais do que nós”, ressalta.
“Bolsonaro ataca a imprensa porque vocês trabalham com fatos, com verdade e com notícia. E a notícia e a verdade, precisam vir de outras fontes que não só a imprensa. Por exemplo, os grupos de WhatsApp. A gente precisa aprender a entender o que mudou no sistema de comunicação”.
Sobre a onda de fake news, sem precedentes nessas eleições, Freixo afirma que nem o campo democrático nem as instituições estão preparadas para combatê-las. “Há uma dificuldade muito grande das instituições reagirem com a velocidade necessária. Nós vamos ter um grande desafio pela frente, legislativo e judiciário, de saber como é que nós vamos nos relacionar com as plataformas. Como é que nós vamos garantir sem nenhuma política de censura a segurança da democracia e qual é o limite entre a segurança da democracia e a liberdade das plataformas”, diz.
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Assessoria de Comunicação/PSB nacional