O produtor cultural e advogado João Jorge Rodrigues (PSB), um dos fundadores do Olodum, será o novo presidente da Fundação Palmares. O nome foi anunciado pela futura ministra da Cultura, Margareth Menezes, nesta quinta-feira (22), no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), local escolhido como sede da transição, em Brasília.
Mestre em direito público e militante do movimento negro, Rodrigues assume a função após quatro anos de dilapidação completa da entidade pelo governo Bolsonaro. O baiano terá a missão de restabelecer a funções do órgão, que foi um dos alvos mais intensos da disputa cultural e ideológica do bolsonarismo, sob o comando de Sergio Camargo.
Camargo, que dirigiu a instituição até março deste ano, protagonizou uma série de polêmicas à frente do principal órgão de valorização e preservação da cultura negra no país. Sua gestão foi marcada pela luta contra pautas do movimento negro. O ex-presidente da instituição se apresentava como um opositor da política de cotas raciais, por exemplo, e chegou a excluir do acervo da instituição dezenas de livros considerados por ele apologia de esquerda.
À frente do Olodum, João Jorge é um dos responsáveis por fazer da instituição muito além de um bloco afro. Ainda nos anos 80, o Olodum criou o Projeto Rufar dos Tambores, que logo se tornou a Escola Olodum, atraindo ainda mais a juventude do Pelourinho e Centro Histórico. Atualmente, 360 alunos estudam na instituição, que agrega ao ensino convencional, ações educacionais com base na história da população negra.
“A Fundação tem demandas diferentes das que tinha do passado. Hoje temos tecnologia, juventude, e vamos avançar. Vou tentar levar a experiência desses 43 anos do Olodum para que a fundação se modernize”, disse ao portal G1.
“A minha ideia é ouvir todos. A Bahia tem muitos bons exemplos na área, mas vamos ouvir todos, do Acre ao Rio Grande do Sul. A Fundação é uma organização do povo brasileiro. E ela vai entender o Brasil com uma civilização, onde todos convivemos harmonicamente”, completou.
Para Margareth Menezes, João Jorge foi convidado para a Fundação Palmares – uma conquista do povo afro-brasileiro – “para fazer um resgate da Fundação”, afirmou.
Com informações do G1 e do Estadão