A Coordenação Socialista Latino-Americana (CSL), organização que reúne partidos de 11 países do continente, criou uma nova instância dedicada especialmente a questões de gênero.
A CSL Mujeres Genero y Igualdad foi instalada na manhã deste domingo (13), em Recife, capital de Pernambuco, em reunião coordenada pelo secretário-geral da CSL, Beto Albuquerque (PSB), com a presença de representantes de dez partidos políticos.
O evento, que teve a presença do presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, precedeu a abertura do 2º Encontro Internacional das Mulheres Socialistas. Para Siqueira, a iniciativa é um primeiro passo no esforço que cada partido membro da CSL deve fazer para buscar estabelecer a paridade em seus quadros. “Não é possível admitir que os socialistas tenham o mesmo comportamento que os partidos convencionais”, avaliou.
Na sua opinião, a criação do núcleo permitirá que os partidos evoluam, a partir da troca de experiências comuns, no sentido de que as mulheres aumentem sua participação nas direções e na militância partidária, mas também nos parlamentos, na vida social e econômica dos países do continente.
“E que, com atitudes objetivas, as mulheres possam de fato alcançar no menor tempo possível o mesmo patamar de participação dos homens, espero inclusive que consigam mais do que nós e que possam ser maioria nos nossos parlamentos”, afirmou.
As participantes do encontro escolheram, por unanimidade, a brasileira Dora Pires para a secretaria-geral da CSL Mujeres, e criaram três subsecretarias: a da região dos Andes, que será comandada por Alba Gallardo (Partido Socialista do Chile); a do rio da Prata, que ficará sob a coordenação de Shady Ruiz Díaz Medina (Partido Revolucionário Febrerista, do Paraguai); e a do Caribe, que estará sob responsabilidade de Maribel Coco (Partido Revolucionário Democratico do Panamá).
Beto Albuquerque falou da realidade violenta que as mulheres latino-americanas vivem e da importância do núcleo. “A CSL precisa se dedicar a estudar, a propor e a enfrentar estas questões, por isso, a criação do núcleo de estudos de gênero como um passo que nos une ainda mais e que produzirá efeitos para dentro dos partidos que representamos aqui”, disse.
“A CSL tomou como compromisso o tema da igualdade. Para nós, não haverá justiça se não há igualdade. E acreditamos que a igualdade deve começar em casa”, afirmou a advogada Estela Molero, do Partido Socialista argentino e secretária regional do Rio da Prata. Especialista em violência de gênero, ela defendeu que cada partido membro tenha paridade na representação. Citou como exemplo o Partido Socialista uruguaio, que incluiu a regra em seu estatuto.
Além de estudos, a nova instância vai promover debates e articulação política sobre os temas de gênero. Para Dora Pires, que propôs a criação do núcleo, afirmou que as brasileiras sofrem com o aumento da violência doméstica e o tráfico de mulheres. “A nossa preocupação em discutir estes problemas com as companheiras dos demais países da América Latina motivou a criação da CSL Mujeres”, afirmou.
Estão representados, além do Brasil, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru, Equador, Colômbia, Panamá e México.