Em audiência pública realizada na Câmara dos Deputados nesta quinta-feira (14), a representante do Ministério da Educação (MEC), Danielly Queiroz, afirmou que os profissionais de educação têm boa vontade, mas, nem sempre, têm preparo para lidar com o bullying.
Para resolver o problema, Danielly Queiroz contou que o MEC tem trabalhado em duas frentes: a formação continuada de profissionais e a produção de materiais didáticos para subsidiar as ações.
A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Manuela Braga, destacou que o bullying não deve ser tratado como um problema novo. Para ela, a forma de violência sempre fez parte da vida escolar e, desde sempre, nada foi feito para alterar o quadro. "Nunca passamos por uma grande transformação no conteúdo da sala de aula. A gente precisa avançar em temas que incentivem o debate sobre a questão da tolerância. Ninguém é igual, então cada aluno precisa compreender a diferença do outro e respeitar limites", argumentou.
O deputado Severino Ninho (PSB-PE) narrou a experiência pessoal de conviver com apelidos e chacotas na escola, sem saber que se tratava de bullying. "Eu era incomodado com meu apelido, não vou negar que isso me afetava. Será que essa prática vai ter fim um dia, será que vai acabar nas escolas o hábito de alguém chamar a menina de ‘perna de sabiá’ ou o outro de ‘bucho de lama’? Ninguém gosta de ser rotulado", comentou.
A representante do Conselho Federal de Psicologia, Cynthia Ciarallo, sustentou que o assunto não pode ser tratado como brincadeira de criança no contexto atual de violência na sociedade. "Um apelido há 20, 10 anos traduzia uma reação muito diferente da reação de hoje. O que significa hoje você ofender alguém e o que significava há 30 anos; que respostas eram dadas e quais predominam no presente?", indagou.
O fundador do Centro Multidisciplinar de Estudos e Orientação sobre o Bullying Escolar, Augusto Pedra, defendeu a necessidade de definir com precisão o que é o bullying para que qualquer cidadão possa diferenciar os casos de violência sofridos pelos alunos. Ele destacou também a importância da participação da família, por meio de projetos desenvolvidos por governo e sociedade civil, no combate à violência estudantil. “A escola sozinha não resolve o problema. Trata-se [o bullying] de uma síndrome de maus-tratos repetitivos. É epidêmico, basta ver a rapidez com que essa praga se espalha pelo País. Temos que contê-la”, disse o psicólogo.