
Para Carlos Siqueira, bases partidárias devem ser ouvidas para contribuir com as decisões e proposições do partido. Foto: Humberto Pradera
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, defendeu nesta segunda-feira (29), durante o ato de inauguração da nova sede do diretório estadual do PSB-Pará, em Belém, que o processo de renovação na política passa por ampla participação de militantes nos partidos políticos. Para ele, as instituições partidárias estão concentradas em suas “cúpulas”, e é necessário dar voz às bases partidárias para que elas possam se sentir representadas e participantes da vida política.
“A renovação na política tem que começar em casa, e eu digo que, no nosso caso, no Partido Socialista Brasileiro, temos que fazer com que as pessoas participem e se sintam pertencentes à instituição partidária. E elas só se sentem pertencentes à instituição partidária se elas sentem que têm a possibilidade de influir no destino dessa instituição, se elas inclusive colaborarem financeiramente com a manutenção do partido, se elas são ouvidas e têm um voto que pode, no conjunto, contribuir para que as decisões e proposições possam ser levadas adiante”, defendeu Carlos Siqueira.
“As instituições partidárias estão muito nas cúpulas dos partidos, e a gente precisa fazer com que as pessoas que estão na base possam também dar a sua contribuição, porque todos em uma instituição são importantes”, afirmou o presidente do PSB.
O evento contou com a participação do deputado estadual e presidente do diretório estadual, Cássio Andrade, do deputado estadual Sidney Rosa, o presidente municipal do partido, vereador Gleisson Oliveira, além de representantes de movimentos sociais e militantes. Mais ampla, a nova sede do PSB-PA conta com auditório, salas de reunião e serviço de portaria 24 horas. O local também abriga a coordenação estadual da Fundação João Mangabeira, órgão de formação política e de formulação de políticas públicas do partido.
Para Siqueira, o diálogo e a participação interna das bases nas deliberações e decisões dos partidos refletem no processo de construção da democracia na política e na sociedade como um todo. “Precisamos fazer com que nossos militantes, que estão no interior de seus estados, em qualquer rincão do país, sintam-se representados”, afirmou. “Porque só faz sentido estar na cúpula se tiver esta visão democrática do processo político e partidário. E, claro, se é assim em nossos partidos, também é assim na democracia que nós criamos, e nós somos responsáveis por essa democracia, pelo que ela se tornou, mas também pelo que ela pode vir a ser”, disse.
Em seu discurso, ele fez uma homenagem ao ex-presidente do partido no Pará, Ademir Andrade. Engenheiro e economista, Andrade foi vereador, deputado estadual, deputado federal (1983-1986 e 1987-1990) e exerceu o mandato de senador também por duas vezes (1995-1999 e 1999-2003).
“Conheci Ademir Andrade há 27 anos, quando ingressei no PSB com Miguel Arraes, Eduardo Campos e tantas outras lideranças do Estado de Pernambuco. Ademir Andrade exerceu com muita eficiência, capacidade e determinação todos os mandatos que ocupou, e também assim exerceu a presidência do nosso partido”, reconheceu Siqueira.
Aos correligionários, o presidente defendeu ainda maior autonomia para estados e municípios e um novo arranjo no pacto federativo para a superação da atual crise. Para o socialista, as frentes que reúnem prefeitos precisam “levantar a bandeira” do novo federalismo, trabalhando para eleger deputados federais e senadores que se comprometam com o debate no Congresso Nacional.
“Eu penso que cada dia menos o país é uma federação. Porque estamos praticamente no governo central, com mais de 65% dos recursos centrados em Brasília, numa burocracia infernal, que custa muito caro, e enquanto isso, os prefeitos e os governadores, os municípios e os estados estão carentes de receber esses recursos e de ter a sua autonomia reconhecida”, criticou.
“As frentes de prefeitos precisam de levantar essa bandeira seriamente, precisam eleger deputados federais e senadores que se comprometam, porque é o Congresso Nacional que pode fazer isso, mudando a Constituição, fazendo uma verdadeira reforma tributária, que possa dotar estados e municípios de autonomia relativa, mas suficiente para que possa responder sem depender de pires na mão em frente ao presidente da República. E eu digo isto, porque o nosso partido, o PSB, tem uma visão clara do que deve ser o papel da União, que não é”, defendeu Carlos Siqueira.
S do PSB

“S” de socialismo é a marca que identifica o PSB. “Não é social fazendo assistencialismo. É social reconhecendo os direitos que permitam que o mais pobre dos pobres possa desenvolver suas potencialidades”, afirma Siqueira. Foto: Humberto Pradera
Siqueira destacou o significado do socialismo no nome do partido . “Esse S é que nos identifica, que nos marca definitivamente. Não é social fazendo assistencialismo. É social reconhecendo os direitos que permitam que o mais pobre dos pobres possa desenvolver suas potencialidades no âmbito da educação, do empreendedorismo, da saúde, porque cada um tem sua vocação”, disse.
Para ele, a função do socialismo é diminuir as diferenças entre as classes sociais, mas reconhecendo sua existência e valorizando a igualdade de oportunidades para que o indivíduo e o coletivo possam contribuir para o desenvolvimento do país agora e no futuro.
Reflexão para superar a crise
O presidente do PSB destacou que, nesse momento de crise no país, é preciso que cada cidadão e cada instituição política reflita sobre seu papel para ajudar o Brasil a sair dessa situação, principalmente para superar os 14 milhões de desempregados atualmente. “Nós precisamos dessas reflexões mais sérias, desse preparo mais sério de instituições mais consistentes no âmbito partidário, mas também da sociedade. A responsabilidade social e política que nós temos é muito grande porque temos um povo trabalhador que quer dar sua contribuição e que precisa da nossa atenção, de nós que fazemos política, de um olhar mais sensível, compreensivo e de uma eficácia maior na nossa forma de fazer política”.
Siqueira afirmou que o principal problema da crise é a alta carga tributária paga pelos brasileiros e o grande montante da dívida pública, que hoje passa dos três trilhões de reais, que impedem o governo de fazer os investimentos em infraestrutura, educação e sistema de saúde de qualidade. “Para onde estão indo os recursos que estamos pagando de impostos? Com uma dívida dessas é impossível um país se desenvolver. Esse dinheiro está indo para outras mãos e poucas mãos. E, normalmente, para mãos que não são nem de brasileiros”, questionou.
Para o socialista, essa é uma questão que precisa ser colocada na campanha presidencial de 2018 pra que se possa reorientar a economia com uma visão de desenvolvimento na qual permita que os recursos arrecadados possam, de fato, ser destinados àquilo que faça o país voltar a crescer.
Confira as fotos da inauguração da nova sede do PSB-Pará:
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional