No encontro, realizado segunda-feira (27), debatedores destacaram o legado da Conferência para o Brasil e a situação estratégica do país como uma das nações com maior aporte natural do mundo.
A primeira Segunda Socialista do ano reuniu especialistas e militantes do Partido Socialista Brasileiro do Distrito Federal na discussão sobre a Rio+20 e os caminhos para a economia verde. No encontro, realizado segunda-feira (27), debatedores destacaram o legado da Conferência para o Brasil e a situação estratégica do país como uma das nações com maior aporte natural do mundo.
A Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável será realizada de 13 a 22 de junho de 2012, no Rio de Janeiro. Os objetivos da Conferência, que reunirá líderes mundiais, são a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável e a discussão de propostas de incentivo à economia verde nos principais eixos econômicos mundiais.
Presente ao debate, o Secretário Extraordinário da Conferência Rio+20 do Ministério do Meio Ambiente, Fernando Lírio, adiantou que o governo brasileiro deverá propor na Conferência um novo modelo de desenvolvimento global. As propostas a serem apresentadas pelo país, de acordo com o secretário, terão como foco o combate à pobreza e a inclusão social, além da ampliação de mecanismos globais arrojados de integração dos pilares de sustentabilidade.
“O Brasil zelará pelo alto nível dos resultados formais e políticos. Essa posição poderá levar ao estabelecimento de novas plataformas de ação e diálogo, novas respostas e intervenções em políticas públicas e melhores práticas de desenvolvimento sustentável”, analisou Fernando Lírio.
Economia sustentável
Na avaliação do doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), José Aroudo Mota, o Brasil precisa deixar claro aos demais países participantes do encontro a posição de não permitir a colonização ambiental. “O Brasil exporta cada vez mais recursos naturais, mas é preciso deixar claro para o mundo o limite entre os valores neoclássicos de mercado e os valores ambientais”, explicou Mota.
Ainda segundo o pesquisador do Ipea, os benefícios econômicos e ambientais gerados pela reciclagem de matérias-primas confirmam a importância de uma economia sustentável. No entanto, a conta a ser paga pelo país na transição de valores apenas mercadológicos para um sistema de capital com ênfase na sustentabilidade será alta. No setor energético, por exemplo, o custo dessa mudança é estimado em R$ 60 bilhões, equivalente a 1,6% do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil em 2010. “Existe uma dívida ambiental que o Brasil precisa pagar para poder depender da natureza”, afirmou José Aroudo Mota.
Crescimento econômico e social
O presidente da Comissão de Meio Ambiente do Senado e integrante da Comissão Nacional da Rio+20 , senador Rodrigo Rollemberg (PSB), considerou a realização do evento no Brasil como momento crucial para o país encontrar soluções na tentativa de sanar dívidas ambientais, sociais e econômicas. “Somos um dos poucos países em desenvolvimento que consegue aliar crescimento econômico com redução da pobreza e expansão da inclusão social. É preciso aproveitar esse momento de crescimento interno para nos posicionarmos contra possíveis medidas de restrição de evolução econômica frente aos países desenvolvidos”, defendeu o parlamentar.
Para o socialista, o Brasil tem condições diferenciadas na discussão ambiental por conta do tamanho de reserva natural, e precisa saber crescer politicamente com esse diferencial. Rollemberg destacou a alta capacidade de produção e comercialização do setor energético e de alimentos, além da biodiversidade dos biomas brasileiros.
Brasília verde
O deputado distrital Joe Valle (PSB) apresentou na Segunda Socialista um balanço do trabalho, realizado no primeiro ano de atuação na Câmara Legislativa do Distrito Federal, voltado para uma Brasília mais sustentável. O distrital destacou a aprovação de projetos de sua autoria sobre política distrital de mudanças climáticas, a produção de alimentos e a reeducação no uso de sacolas plásticas e na prática da coleta seletiva do lixo.
De acordo com Valle, a capital federal precisa servir de exemplo para o restante do país, e o começo deve ser pela educação ambiental. “A linha de frente deve ser a educação e a conscientização da população para termos condições de escolher o caminho certo, com base no sustentável e no ambiental”, ressaltou o socialista e produtor orgânico.