A Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado aprovou nesta terça-feira (6), por unanimidade, um projeto de lei da deputada Luiza Erundina (PSB-SP) que declara o educador Paulo Freire patrono da educação brasileira. O texto seguirá para sanção da presidente Dilma Rousseff.
Na Câmara, Erundina comemorou a aprovação do projeto, que tramitava há sete anos. “Estou felicíssima, foi mais do que justa essa homenagem do povo brasileiro, através do Congresso, a um homem que fez muito e continua fazendo com a sua obra. Com tudo que ele representou, na luta de resistência à ditadura, na redemocratização do País, e pela formação de gerações e gerações de educadores com uma concepção de educação libertária, política”, declarou.
Enquanto prefeita de São Paulo, em 1989, Erundina nomeou Freire seu secretário de Educação. Segundo a deputada, o educador provocou uma verdadeira revolução educacional na cidade. “Mas do que isso é o que ele representa ainda hoje como filósofo da educação, como educador, ele é um emblema no mundo todo, é mais homenageado lá fora que no Brasil”.
O educador nasceu em Recife em 1921, ficou órfão aos 13 anos e enfrentou uma “infância difícil”, como observa a deputada na justificativa de seu projeto. Formou-se em Direito, mas nunca exerceu a profissão. Em 1960, desenvolveu um método “simples e revolucionário” de alfabetização para adultos. Durante o governo do presidente João Goulart, coordenou o Programa Nacional de Alfabetização, que tinha o objetivo de alfabetizar cinco milhões de pessoas.
O criador da “pedagogia da libertação” foi preso em 1964, exilou-se depois no Chile e percorreu diversos países, sempre levando o seu modelo de alfabetização, antes de retornar ao Brasil em 1979, após a publicação da Lei da Anistia.
A partir da década de 60, observou o relator do projeto, a “pedagogia da libertação” passou a simbolizar a contribuição de Freire ao pensamento pedagógico mundial.
Paulo Freire é um dos brasileiros mais conhecidos no exterior. Um brasileiro que tem bustos em praças e é nome de rua em países da África e América Latina. Seus livros foram traduzidos para diversos idiomas e se transformaram em clássicos do pensamento relacionado à educação em todo o mundo.