
Foto: Tânia Rego_Agência Brasil
O temporal que atingiu Petrópolis, região serrana do Rio de Janeiro, deixando mais de 60 pessoas mortas e afetando diversas regiões da cidade, nesta terça-feira (15), levou o prefeito Rubens Bomtempo (PSB-RJ) a decretar estado de calamidade pública e anunciar a suspensão das aulas na rede pública de ensino.
O volume de chuva foi inédito para a região. Em menos de seis horas, o acumulado de chuvas superou a média histórica do mês de fevereiro, com 260 mm (a média mensal é de 240 mm). O Corpo de Bombeiros ainda não sabe o número de desaparecidos. Pelo menos 54 casas foram destruídas pelas chuvas e mais de 370 pessoas foram acolhidas em abrigos.
“Temos áreas em que a gente não consegue acessar e artérias principais da cidade com barreiras. E aí a gente tem dificuldade de ter um diagnóstico mais amplo da situação”, explicou o socialista.
O prefeito afirmou que já existe na cidade uma cultura de resiliência em situações de calamidade.
“Nós temos um sistema de pluviômetro, um sistema de sirenes, núcleo de defesa Civil, voluntários que atuam diretamente nas comunidades. Existem pontos de apoio, e as pessoas já conhecem. Geralmente são escolas”. Porém, Bomtempo pediu a atenção de todos a ausência de uma política habitacional no país.
“A população foi sendo excluída, ocupando a periferia, em grande parte tentando legitimar um território que foi negado historicamente. Aí as pessoas moram em áreas de risco, pois não foi dado para elas o direito de morar melhor. A gente tem que fazer essa reflexão também”, declarou.
O líder da Oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), se colocou à disposição do prefeito da cidade e informou que haverá, ainda hoje (16), uma reunião de emergência com os deputados federais do Rio de Janeiro para discutir ações rápidas e propor uma ajuda federal para a cidade.
“Todos os nossos esforços estão concentrados em Petrópolis. De imediato destinei meio milhão de reais em emendas parlamentares, oficiamos Banco do Brasil e Caixa Econômica para criar contas oficiais de doação à cidade e informamos que PSB-RJ é ponto de arrecadação de doações para as vítimas”, afirmou Molon em suas redes sociais.
A história da Região Serrana é marcada por episódios marcantes de tragédias envolvendo temporais. Em 1988, após dias ininterruptos de chuva, 134 pessoas morreram em deslizamentos de terra, desabamentos ou levadas pelas águas da enchente em Petrópolis. Centenas de moradores ficaram desabrigados.
Já em 2011, chuvas torrenciais causaram enchentes e deslizamentos de terra que tiraram a vida de 918 pessoas. Além disso, 30 mil moradores ficaram desalojados. No episódio, que é considerado um dos maiores desastres socioambientais do país, o impacto foi maior nas cidades de Nova Friburgo e Teresópolis, mas Petrópolis também foi bastante castigada.