O secretário nacional de Segurança Pública, Tadeu Alencar (PSB), afirmou que o governo federal irá reforçar sua autoridade na Terra Indígena Yanomami, em Roraima, após a escalada de violência na região desde o início da operação de retirada do garimpo no território.
Na última semana, nove corpos foram localizados próximo à área de garimpo. O último, o de uma mulher, foi encontrado no sábado (6).
“O Ministério da Justiça tem atuado com vigor para consumar o processo de extrusão dos garimpeiros ilegais. Vamos intensificar essas medidas contra os recalcitrantes. O Estado vai afirmar a sua autoridade e os que desafiam a lei vão sentir o peso da sua mão firme.”, afirmou Tadeu Alencar ao jornal Folha de S. Paulo neste domingo (7).
Segundo ele, o governo aumentou em 20% o contingente da Força Nacional na região, chegando a um efetivo de 220 agentes, desde a última semana. Já foram inutilizadas 70 balsas, 8 aeronaves, 12 embarcações e 169 motores. A operação contabiliza ainda 43 presos e 40 mandados de busca e apreensão, entre outras formas de ‘estrangular’ o negócio e prender os seus responsáveis. Foram instaurados 35 inquéritos policiais e 11 notícias-crime.
“Estamos reforçando a presença da Força Nacional na região e fortalecendo a nossa presença como um todo. Reforçando as bases da Funai em Palimiú, Walopali e Serra da Estrutura e reforçando o efetivo em Uxiú, onde os indígenas foram atacados e onde foram encontrados os nove corpos”, disse o secretário.
No último dia 29, três homens yanomamis foram baleados na comunidade Uxiú, em um ataque que teria sido promovido por garimpeiros. Um deles morreu. No domingo (30), quatro homens foram mortos num suposto confronto com agentes da Polícia Rodoviária Federal e do Ibama durante uma ação de repressão ao garimpo ilegal.
Após o ataque, integrantes de mais de oito órgãos do governo federal estiveram em uma reunião de emergência na Terra Yanomami, em Roraima, na segunda-feira (1º). Em entrevista coletiva após o encontro, Tadeu Alencar disse que o governo não vai ceder “um milímetro” no enfrentamento ao garimpo ilegal. O recado, segundo ele, foi enviado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
“Reafirmamos nossa disposição de política de pacificação. Lamentamos as perdas de vidas, as agressões aos que estão no hospital, mas também quero dizer algo muito claro, de muita energia: o Estado brasileiro não vai tolerar aqueles que, de forma criminosa, estão sendo recalcitrantes na decisão de deixar esse território dos povos indígenas. A palavra do presidente Lula é de que não vamos ceder um milímetro nesse enfrentamento aos que afrontam a autoridade legal”, declarou.
Na terça-feira (2), após a ofensiva aos yanomamis, mais mortes foram noticiadas: outros oito corpos foram encontrados na região do Uxiú. Como as vítimas não são indígenas, pessoas envolvidas na apuração acreditam que a ação tenha sido uma retaliação pelo ataque ocorrido no sábado.
Os corpos foram encontrados no domingo, durante um sobrevoo de agentes da PRF. A Polícia Federal instaurou um inquérito para apurar as mortes e encaminhou para o local equipes de elite, do Comando de Operações Táticas e do Grupo de Pronta Intervenção.
Com informações da Folhapress