A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou, nesta quarta-feira (14), a Campanha da Fraternidade 2018 com o tema “Fraternidade e Superação da Violência”. Com este mote, e tendo em vista as eleições majoritárias deste ano, a Igreja Católica afirma que não apoiará candidatos que promovam ainda mais violência e preguem soluções que possam acirrar ainda mais conflitos no Brasil.
Durante o evento de lançamento da campanha, em Brasília, o presidente da instituição, cardeal Sérgio da Rocha, afirmou que a Igreja quer candidatos comprometidos com a justiça social e com a paz. Para Rocha, os investimentos em segurança pública precisam ser acompanhados por outros ainda maiores para assegurar a qualidade de vida da população.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, saudou a decisão da CNBB de tratar da superação da violência no país em sua campanha anual. “A violência se espalha pelo país e se interioriza, agravada pela crise econômica e social, aumentando o número de mortes e impondo sofrimento a milhares de cidadãos. É um tema que deve ser prioritário para os governos e a sociedade como um todo, que deve se mobilizar para encontrar saídas adequadas para o problema”, afirma.
Para Siqueira, a extensão e o perfil da violência, que atinge principalmente a população mais pobre, demonstram que o assunto deve ser tratado como um fenômeno socioeconômico complexo que exige políticas públicas qualificadas e abrangentes.
Críticas ao governo Temer
A campanha “exige comprometimento e ações envolvendo a sociedade civil organizada, a Igreja e os poderes constituídos para a formulação de políticas públicas emancipatórias que assegurem a vida e o direito das pessoas em uma sociedade”. Além disso, a CNBB reforça a importância do Estatuto do Desarmamento, o qual parlamentares querem flexibilizar. “É um grande equívoco achar que superamos a violência recorrendo a mais violência”, afirmou o cardeal Rocha.
O secretário-geral da CNBB, dom Leonardo Steiner, afirmou que as reformas promovidas pelo governo Temer são consideradas formas de violência pela Igreja Católica. “Os textos [da Campanha da Fraternidade] não abordam diretamente [as reformas], mas é claro que são uma violência. Nós sentimos isso”, disse.
O Atlas da Violência 2017, produzido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), revela que o perfil da maior parte das vítimas da violência no país são homens, jovens, negros e com baixa escolaridade. O estudo também aponta a necessidade de aprimorar o controle do uso de armas. Outro dado mostra que de cada 100 pessoas assassinadas no Brasil, 71 são negras. O relatório ainda indica que, em 2015, 385 mulheres foram assassinadas por dia. Entretanto, recorda que elas são vítimas de outras formas de violência (física, psicológica e material) motivadas por uma cultura patriarcal.
O deputado federal e coordenador da Frente de Prevenção à Violência e Redução dos Homicídios na Câmara, Alessandro Molon (Rede-RJ), também esteve presente no lançamento e criticou o fato de o poder Legislativo estar mais preocupado em aumentar penas de crimes para proteger o patrimônio, e não de crimes que atentam contra a vida.
“Diante da grave crise que enfrentamos na segurança, reforço meu compromisso com a Campanha da Fraternidade e a CNBB para encontrarmos juntos soluções efetivas para a violência”, afirmou o parlamentar.
A CF é realizada todo ano, no período da Quaresma, com início na quarta-feira de cinzas e fim na Semana Santa. Tem o objetivo de despertar a solidariedade dos fiéis e da sociedade em relação a um problema concreto buscando caminhos de solução.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional