Os segmentos sociais organizados do PSB divulgaram nota em apoio à decisão da bancada socialista na Câmara de buscar, no campo dos partidos de esquerda e de centro-esquerda, alternativa à candidatura do deputado federal Rodrigo Maia (DEM-RJ) à presidência da Câmara.
Para os segmentos, o “alinhamento claro” da candidatura de Maia ao atual governo do presidente Jair Bolsonaro compromete a linha de atuação do PSB na Casa, “dentro de um jogo já decidido pelos setores de direita e de extrema-direita”.
A nota foi enviada ao presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e ao líder da bancada do PSB, deputado federal Tadeu Alencar (PE).
Assinam o texto os secretários nacionais do Movimento Popular Socialista (MPS), do Sindicalismo Socialista Brasileiro (SSB), da Secretaria Nacional de Mulheres (SNM), da LGBT Socialista, da Negritude Socialista Brasileira (NSB) e da Juventude Socialista Brasileira (JSB).
Os segmentos defendem uma candidatura de união dos partidos de esquerda e de centro-esquerda, “sem sectarismo”, “personalismo” ou “monopólios partidários”, para construir uma candidatura que seja “porta-voz da unidade popular”.
Para os socialistas, é papel da oposição construir uma alternativa política que corresponda a “expectativa popular” para uma sociedade que “clama por direitos e liberdade”.
“Pelos compromissos com o socialismo e com os setores historicamente discriminados e representados no PSB pelas bases que ocupam os segmentos e que não se sentem representados pelo projeto alinhado a esse governo conservador, nos opomos a ele”, afirma a nota.
Leia a íntegra:
PSB – Segmentos Sociais do Partido Socialista Brasileiro – PSB
Exmo Senhor Carlos Siqueira, Presidente Nacional do PSB.
Exmo Sr. Tadeu Alencar, Líder da Bancada na Câmara dos Deputados.
Considerando o gravíssimo quadro político brasileiro, instituído após a posse do novo governo e de diversas declarações de seus integrantes pela retirada de direitos dos trabalhadores, mulheres, negros, LGBTs, juventude, idosos, pessoas com deficiência e de outros segmentos da sociedade, como também de subserviência na política externa, ferindo gravemente a soberania nacional;
Considerando que as eleições para a presidência da Mesa da Câmara dos Deputados e, em especial do presidente daquela Casa Legislativa, colocam seu titular na linha de sucessão numa eventual impossibilidade de exercício do poder pelo presidente e vice-presidente da República, como já se verificou diversas vezes na história política do Brasil;
Considerando que o alinhamento claro e os compromissos mútuos assumidos entre o atual presidente da Câmara Federal, Deputado Rodrigo Maia, e o chefe do Poder Executivo comprometem a linha de atuação do PSB, quando articulam votações a serem colocadas em pauta pela presidência daquela Casa Legislativa, haja visto o apoio claro e objetivo na troca de apoio recíproco entre o DEM e o PSL, e o apoio declarado deste ao nome do atual presidente da Câmara Federal para sua recondução ao cargo; tudo dentro de um jogo já decidido pelos setores de direita, através do DEM, e de extrema-direita, através do PSL;
Considerando ainda que a bancada de Deputados Federais do PSB, em sua quase unanimidade (com apenas um voto contrário), decidiu buscar novas alternativas a esta tão importante eleição, assim como candidatos dentre os demais partidos que se opõem a atual direção daquela casa parlamentar; acreditamos ser a mesma uma candidatura do PSB ou dos pontos de convergência da maioria parlamentar;
Decidimos, com o apoio das bases sociais do PSB, aqui representada por seus segmentos, Movimento Popular, Sindical, Juventude, Mulheres, Negritude e LGBT, apoiar a posição defendida pela maioria esmagadora de nossos deputados em buscar uma alternativa no campo progressista e democrático, criando condições para a construção de uma candidatura dos partidos de oposição ao governo Bolsonaro, nitidamente de caráter fascista e entreguista, subserviente ao imperialismo e saudosista de tempos que jamais devemos esquecer.
Devendo, pois, entender o nosso papel de oposição e construir uma candidatura de união das esquerdas, sem sectarismo ou personalismo e muito menos sem monopólios partidários ou hegemonias esquerdizantes, mas construindo uma unidade parlamentar que represente sim o grito das ruas que exigem juízo e humildade dos dirigentes partidários e líderes parlamentares na construção de uma Frente Parlamentar que seja antes de tudo porta voz da unidade popular que está se construindo nas ruas e acima de tudo alternativa política para uma sociedade que clama por direitos e liberdade, e que só será vitoriosa caminhando juntos dentro e fora dos parlamentos, nas ruas e nas redes, sabendo que será através da luta parlamentar que defenderemos essa liberdade e conquistaremos a tão almejada estabilidade institucional que o Brasil precisa nos dias de hoje. E a Câmara dos Deputados é o canal por onde o povo respira e espera sobreviver. Por isso sua importância neste contexto.
Desta forma, pelos compromissos com o socialismo e com os setores historicamente discriminados e representados no PSB pelas bases que ocupam os segmentos e que não se sentem representados pelo projeto alinhado a esse governo conservador, nos opomos a ele. E, fundamentado nas palavras do presidente do PSB Carlos Siqueira, de que ser oposição não é uma opção, mas uma posição, assumimos esse papel com responsabilidade e compromisso, correspondendo à expectativa popular.
Historicamente, já o vimos e também entendemos que esse governo tem uma base que apoia a transformação de nossa democracia numa ditadura, mas lembramos aqui que numa democracia eles podem clamar por ditaduras, mas numa ditadura jamais poderemos clamar por democracia. E que a democracia pode até abrir as portas para uma tirania, mas em uma tirania todas as portas para a democracia são fechadas.
Dessa forma, encaminhamos ao presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira e ao Líder da Bancada do PSB na Câmara dos Deputados Tadeu Alencar, como também a nossa bancada de senadores eleitos e às bases e direções do PSB, a presente nota para que assim fique clara a posição destes segmentos sociais e o apoio à direção do PSB e suas bancadas para a construção de novas alternativas nos parlamentos.
Saudações socialistas:
Em Brasília DF 22 de janeiro de 2019
Acilino Ribeiro – MPS
Joilson Cardoso – SSB
Dora Pires – SNM
Tathiane Araujo – LGBT
Valneide Nascimento – NSB
Tony Sechi – JSB