No dia em que um dos maiores acidentes aéreos no Brasil completou cinco anos, o deputado federal gaúcho José Stédile (PSB) lamentou o desfecho da tragédia que vitimou 154 brasileiros, em 2006. Em 29 de setembro daquele ano o Boeing 737 da Gol colidiu com o jato Legacy em pleno vôo, quando seguia de Manaus para o Brasília. O Legacy se mantinha na mesma aerovia, mas na mão contrária. Enquanto os tripulantes do jato executivo escaparam ilesos, nenhum passageiro do avião comercial sobreviveu.
Os órgãos de investigação apontaram que houve negligência e imperícia dos pilotos norte-americanos que conduziam o Legacy. Com base nesses laudos, a justiça brasileira considerou os réus culpados e os condenou a quatro anos e quatro meses em regime aberto. No entanto, a pena poderá ser revertida em prestação de serviços comunitários nos Estados Unidos. Revoltados com a decisão, os membros da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907 visitaram, na manhã desta quinta-feira (29), o presidente da Subcomissão de Aeroportos da Câmara dos Deputados, José Stédile.
Logo após o encontro, em discurso realizado na tarde de hoje, Stédile fez questão de se posicionar e lamentou “a posição frouxa, na minha opinião, das autoridades brasileiras com relação a esse episódio”, bradou.
“O inquérito apontou sete irregularidades cometidas pelos pilotos do Legacy e eles foram condenados. Diz-se na aviação que quando duas irregularidades acontecem já é um crime grande, violento. Apesar disso, os pilotos que causaram a morte de 154 brasileiros são tratados nos EUA como heróis, por terem salvado a vida dos sete passageiros americanos naquela ocasião”, completou.
O deputado ainda cobrou mais rigor na punição dos pilotos. “Eles não cumpriram uma hora sequer da prestação de serviços no país de origem e ainda continuam pilotando, porque os EUA não têm interesse em puni-los. Se esse fato tivesse acontecido com pilotos brasileiros, teriam perdido a autorização de pilotar. Só quem perdeu com a tragédia foi o Brasil”, lamentou.
Stédile aproveitou para repudiar as declarações de um jornalista do The New York Times que estava no Legacy na hora do acidente, em que aponta o Brasil como um país de prostituta e carnaval. Segundo o parlamentar, o jornalista ainda afirmou que o Brasil não tem qualificação técnica nem moral para julgar piloto norte-americano. “Lamentável”, classificou.
Copa do Mundo
O socialista gaúcho questionou também sobre a segurança do espaço aéreo brasileiro durante a Copa do Mundo de Futebol no Brasil, em 2014, e sugeriu a seguinte reflexão: “Na Copa, milhares de pequenas aeronaves e pilotos estrangeiros estarão circulando no Brasil. Qual é a segurança que teremos? A mesma segurança do Legacy? Como será cobrada a qualificação desses profissionais e qual será a postura que adotaremos com relação aos pilotos que não sejam brasileiros?", finalizou.