O Brasil ultrapassou oficialmente a marca de 700 mil mortos pela covid-19, sendo o quinto em número de mortes e o 11º em termos de tamanho populacional. Dos 700 mil, 693 mortes ocorreram durante o governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A trágica marca é resultado direto das políticas negligentes e negacionistas do governo do ex-capitão. Bolsonaro foi incapaz de criar um plano nacional de combate à pandemia. Por outro lado, difundiu ideias negacionistas e fez propaganda de tratamentos ineficazes, sem falar de casos de corrupção na saúde, investigados por uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), no Senado Federal.
A comunidade científica conclui que as mortes poderiam ser muito menores, porque são evitáveis, não fosse a inapetência do governo anterior.
O país poderia ter tido uma vacinação mais rápida e efetiva, com comunicação mais adequada, sem discussão sobre dúvidas que levaram as pessoas a não se vacinarem. No combate da maior crise sanitária da história do país, a ciência comprova que a principal forma de proteção contra casos graves e óbitos é a vacina. Pessoas com todas as doses de reforço apresentam, hoje, mortalidade três vezes menor do que aqueles sem imunizantes, ou com atraso.
Enquanto o mundo corria para vacinar a população, Bolsonaro dizia que os imunizantes transformariam pessoas em “jacarés”. Ele chegou a associar a vacina anticovid ao risco de transmissão de HIV. Além disso, desprezou as mortes e debochou das famílias das vítimas. ‘E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?’, disse. ‘Sou Messias, mas não faço milagre’, afirmou no dia em que o país superou o número de mortes da China, país de origem da pandemia. “Quase 700 mil mortos e o presidente debochando dos que adoecem”, afirmou Geraldo Alckmin em um comício no Vale do Anhangabaú, quando ainda era candidato a vice-presidente.
Bolsonaro ainda incentivou e promoveu aglomerações. Desincentivou o uso de máscaras quando a utilização foi determinada de forma obrigatória. Por exemplo, chegou a retirar a máscara de uma criança em meio a um comício, enquanto morriam 3 mil pessoas por dia vítimas do vírus. Adotou um discurso de incentivar o uso de vermífugos contra o vírus da covid, como cloroquina e ivermectina, cuja eficácia para tratar a doença jamais foi comprovada. O ex-presidente fez várias declarações públicas apoiando o uso dos medicamentos, mesmo após duras críticas de cientistas e infectologistas.
Aumentar as coberturas vacinais contra a Covid-19 é prioridade do governo Lula-Alckmin, que lançou o Movimento Nacional pela Vacinação no fim de fevereiro. Até agora, mais de 6 milhões de doses de reforço bivalentes já foram aplicadas.
Durante o ato de lançamento do movimento, em contraponto a Bolsonaro, o presidente Lula recebeu, publicamente, a 5ª dose da vacina contra o coronavírus. Quem aplicou foi o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, que é médico. “Negar a ciência é negar a vida”, afirmou Alckmin. A dose aplicada em Lula é do tipo bivalente, que tem eficácia contra variantes do vírus além da cepa original.
Além do descaso, a CPI da Covid conseguiu evitar que o governo assinasse um contrato superfaturado em vacinas indianas. A comissão investigou a responsabilidade de agentes do governo federal, de empresários, lobistas, médicos, ouviu testemunhas e até vítimas que sobreviveram a tratamentos oferecidos por empresas que seguiram a cartilha negacionista de Bolsonaro.
Recentemente, a Advocacia do Senado recorreu da decisão do ministro do STF Dias Toffoli de arquivar dois pedidos de investigações contra Bolsonaro com base no relatório final da CPI. O primeiro pedido de inquérito apurava a possível prática do crime de infração de medida sanitária preventiva, tipificado no artigo 268, por Bolsonaro não usar máscara. O segundo investigava o crime de epidemia aumentado pelo resultado de morte, que tinha como alvo Bolsonaro, Marcelo Queiroga, Eduardo Pazuello, Élcio Franco, Braga Netto, Heitor Freire, Hélio Angotti e Osmar Terra.
Com informações da Rede Brasil Atual e Agência Brasil