
Foto: Ruy Baron
Os participantes da plenária sobre o tema ‘Tecnologias Digitais e Políticas de Comunicação’ concluíram, neste sábado (31), que a comunicação e as redes sociais não podem mais ser tratadas como algo secundário na ação política, mas sim como um eixo estratégico central.
A necessidade de sair do plano teórico e avançar para a prática na atuação digital foi um dos pontos mais enfatizados pelos militantes durante o painel realizado no XVI Congresso Nacional. “Sentimos da militância um apelo forte. Precisamos melhorar muito a nossa presença nas redes. E isso exige mais contundência, mais precisão e mais afinidade com a linguagem das plataformas”, afirmou James Lewis, membro do diretório nacional e coordenador do painel.
Dentre as propostas indicadas estão a criação do Conselho Nacional de Comunicação Digital do PSB, para construir um ecossistema digital integrado com a participação da direção nacional, estaduais e municipais, parlamentares, prestadores de serviço, estrategistas, segmentos partidários e influenciadores digitais; e instrumentalização da comunicação nas gestões estaduais e municipais do PSB no Executivo como política pública, e não mais como órgão de transmissão de informação e divulgação institucional.
Dentre os participantes estavam a deputada federal Lídice da Mata (BA), o jornalista, estrategista e redator de campanhas políticas Pedro Simões, além do o publicitário Rafael Marroquim, chefe de gabinete da comunicação da Prefeitura do Recife.
Lídice da Mata fez um alerta à militância sobre a baixa participação nas discussões sobre comunicação política, tema que deveria ser central em qualquer estratégia partidária, defendeu. “Política é comunicação”, disse a parlamentar. Para ela, ignorar o debate significa não compreender a essência da atividade política e os desafios atuais. “Talvez seja a sala mais vazia do Congresso. Isso mostra o quanto ainda não entendemos a gravidade da batalha política e ideológica que estamos enfrentando.”, desabafou.
Na avaliação de Lídice, o partido precisa investir em comunicação digital, produção de conteúdo e formação de lideranças capacitadas a disputar as narrativas nas redes sociais. A extrema-direita utiliza as redes com métodos claros e objetivos, promovendo comportamentos, não apenas ideias, exemplificou. “A vida digital já não é separável da vida concreta. Ela organiza, influencia e, muitas vezes, a substitui. No entanto, esse novo mundo é controlado por um número restrito de empresas transnacionais, concentradas no Vale do Silício, que moldam o comportamento das pessoas, interferem na democracia e operam com algoritmos opacos”, avaliou.
Disputa de narrativas nas redes
Para Rafael Marroquim, a comunicação não pode mais ser tratada apenas como ferramenta de divulgação institucional, mas deve ser compreendida como uma política pública estratégica, com papel estruturante e posição central no embate político.
Na avaliação do publicitário, a política está nas redes, e o partido precisa disputar narrativas com estratégia e técnica. Ele citou o exemplo de uma sigla da extrema direita que promove treinamentos práticos em ferramentas como CapCut, por exemplo, voltados para engajamento e criação de conteúdo digital.
Para Marroquim, a política não é só teoria, é disputa. “Se a gente não souber conversar nas redes, não adianta ficar discutindo aqui enquanto perdemos eleições lá fora”, argumentou. “A gente tem que saber engajar com lógica própria, a gente já mostrou que não precisa gritar para chamar a atenção. Em alguns casos, temos visto do ponto de vista da comunicação, que é possível fazer uma comunicação não violenta, não agressiva e engajar”, defendeu.
Regimes autoritários da década de 1930, que utilizaram as mídias de massa emergentes da época, como o rádio e, posteriormente, a televisão, consolidaram ideologias baseadas no ressentimento e na desinformação. Hoje, as plataformas digitais dominam o fluxo global de informações e são instrumentalizadas por forças políticas conservadoras para promover o enfrentamento entre cidadãos e distorcer o debate público, analisou.
“Mesmo que não seja erguido um muro do México, estamos vendo muros criados entre as famílias. E a gente vê isso, de forma muito prática, também, no universo brasileiro, em uma matemática de distribuição em massa, substituindo a comunicação de massa como um todo”, afirmou Marroquim.
Propostas
Depois de aprovadas em plenário, as propostas indicadas pelo grupo vão atualizar o programa partidário com diretrizes específicas para fortalecer a militância digital e institucionalizar o debate como prioridade dentro do partido.
“Nosso programa já é bastante completo, mas muita coisa mudou, especialmente na área digital. Essa atualização é necessária e urgente”, disse. “Tivemos uma qualidade muito boa de todas as intervenções, que foram convergentes, complementares e afinadas em torno de um mesmo diagnóstico.”, destacou Lewis.
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Assessoria de Comunicação/PSB nacional