
Foto: Humberto Pradera
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, participou de uma coletiva de imprensa nesta quinta-feira (19), após a primeira reunião da comissão eleitoral do partido, que reuniu lideranças socialistas e o ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa, na sede do diretório nacional, em Brasília.
Durante a entrevista, Siqueira falou sobre o encontro entre o grupo e Barbosa e a possibilidade de o partido lançá-lo como candidato a presidente da República nas eleições deste ano.
Siqueira falou aos mais de 40 jornalistas presentes que a candidatura do ex-ministro precisa ser construída “tijolo a tijolo” e que nenhuma decisão será tomada pelo partido “com açodamento”.
Segundo o presidente do PSB, as conversas com Barbosa e o partido ocorrem com “bastante serenidade”, e uma eventual candidatura do ex-presidente do STF precisa ser analisada “por todas as partes”.
Na coletiva à imprensa, Siqueira também fez uma avaliação sobre a conjuntura política e eleitoral do país. Também estiveram presentes à entrevista o vice-presidente de Relações Governamentais Beto Albuquerque e o secretário-geral Renato Casagrande.
Leia os principais trechos a seguir:
Encontro com Joaquim Barbosa
A reunião foi muito boa, muito tranquila e muito produtiva. Tivemos um primeiro contato com o ministro Barbosa para nos conhecermos mais. Precisamos nos conhecer melhor, criar uma sinergia maior para que possamos colocar outros tijolos sobre a construção de uma possível candidatura. E eu acho que hoje pusemos um. O partido e o ministro vão precisar se encontrar periodicamente para afinar as ideias, para que possamos construir um projeto. Precisamos também conversar com os setores sociais, assim como fizemos na candidatura de Eduardo Campos. Temos até 5 de agosto, que é a data limite das convenções, para construirmos uma candidatura.
Candidatura própria
A nossa avaliação para lançarmos candidatura própria à presidência da República é de que levamos em conta o alto grau de desgaste da política convencional. Existe a necessidade de os partidos se auto-reformarem para se aproximarem mais da população. Nós temos que procurar uma válvula de escape que dê ao país a possibilidade de ter um presidente com alta legitimidade e capital político, de tal maneira que ele possa influenciar a mudança no conjunto da política e, ao mesmo tempo, levar ao país propostas capazes de superar a crise na política.
Pesquisa Datafolha
A filiação de Joaquim Barbosa ao partido é resultado de uma conversa de meses. Sem fazer campanha, o ministro ficou à frente de pré-candidatos como o governador Geraldo Alckmin, que teve quase 50 milhões de votos em uma eleição e, diga-se de passagem, Alckmin foi governador por três vezes. Isso é revelador da situação que nós vivemos politicamente no país, e da indisposição da população brasileira com a classe política. No entanto, o PSB não vai lançar uma candidatura presidencial apenas pelos bons índices nas pesquisas. Isso é importante, mas não é essencial isoladamente. Tem que ter a junção disso com a construção programática de um plano de governo que possa refletir os interesses do nosso país, as propostas que superem a crise.
Chapa presidencial
Nós não convidamos Joaquim Barbosa para ingressar no PSB para ser vice de ninguém. Não queremos indicá-lo como vice de chapa nenhuma. Quem tiver essa esperança pode se desfazer dela porque isso não vai acontecer. Nós queremos Joaquim Barbosa à frente de uma chapa como candidato a presidente da República pelo PSB e com as alianças que nós conseguirmos realizar após a decisão dele e do partido.
Engenharia política
O ex-governador Eduardo Campos foi deputado estadual, deputado federal três vezes, ministro de Estado, governador bem-sucedido em dois mandatos, reeleito com 86% dos votos , presidente nacional do partido e, ainda assim, a candidatura dele saiu quase a fórceps, mas saiu. Fazer política e administrar partidos não é administrar facilidades. É administrar problemas, dificuldades. É necessário tempo para construirmos uma candidatura presidencial. Os partidos sabem que é uma atividade difícil, é uma engenharia política levantar uma candidatura presidencial. Nós já construímos mais de uma, desde a existência do PSB. Sabemos de todos os riscos que isso implica, tanto para o ministro, como para nós. Mas estamos fazendo um esforço coletivo para que essa construção possa ser útil, em primeiro lugar, ao país e a população, e ao PSB também.
Construção
Não concordo com a ideia de que há tantas divergências no PSB. Há cuidados, há interrogações, mas divergências, não. Nenhum dos governadores disse que discorda da candidatura de Joaquim Barbosa, por exemplo. Pelo contrário, todos eles deram sugestões para organizarmos os próximos passos. Um partido responsável que quer construir essa alternativa tem os seus cuidados e é natural que seja assim. Temos 11 candidatos a governos estaduais e eles dependem de alianças em seus estados. Nós também não queremos atrapalhar isso. Por outro lado, também estou convencido de que a eventual candidatura de Joaquim Barbosa irá ajudar muito mais do que todas as coligações que estão sendo engendradas. Porque eu não tenho dúvida de que o potencial do ministro é maior do que a pesquisa Datafolha revelou. Portanto, ele pode agregar mais nas candidaturas de deputados e contribuir para o êxito dos palanques estaduais.
Coligações regionais
As coligações regionais raramente dependem de uma decisão nacional. O Brasil é enorme, as diferenças são grandes, culturais, políticas, sociais, econômicas; e as coligações, em geral, se resolvem por uma lógica local. Nós temos um papel no plano nacional que eu diria, de certa maneira, secundário quando se trata de coligações estaduais, majoritárias. Há certas dificuldades, mas são dificuldades plenamente superáveis. Por isso também não queremos fazer nada de maneira açodada, sobretudo porque uma candidatura presidencial é algo de muita responsabilidade que precisa ser analisada por todas as partes.
O PSB como alternativa de centro-esquerda
O PSB está mais preocupado em oferecer uma alternativa de centro-esquerda ao país e apontar para uma solução que supere a crise política e as demais crises. A defesa da democracia e dos direitos sociais interessa a todos que não querem um país intolerante e a todos que estão infelizes com o crescimento da extrema-direita, algo revelador de uma grave crise econômica e de um sistema político necrosado, que se nega a se auto-reformar. Nós temos que encontrar uma saída e renovar a política, não negando a política, porque não há solução fora dela para os problemas que enfrentamos.
Próximos passos
Não há necessidade de termos pressa. É um projeto de extrema responsabilidade, que requer dos dirigentes e do próprio ministro Barbosa bastante serenidade, como está acontecendo. Estamos diante de um cenário diferente. Nós construiremos o nosso projeto tijolo a tijolo. Vamos aprofundar as discussões para que, na hora de apresentar a candidatura, se assim for decidido, apresentarmos um plano de governo que possa ganhar a maioria dos eleitores brasileiros para uma proposta de unificação do país, para uma proposta que tenha a perspectiva de solução das diferentes crises estamos vivenciando.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional