*Análise publicada no Jornal Folha de S. Paulo, dia 13 de outubro de 2013
A Aécio cabe torcer para que socialista falhe em retomar eleitorado que não assimilou bem a desistência de Marina
Apesar de neste primeiro momento Marina figurar como a aposta mais segura, existe potencial de crescimento de Eduardo Campos
MAURO PAULINO
DIRETOR-GERAL DO DATAFOLHA
ALESSANDRO JANONI
DIRETOR DE PESQUISAS DO DATAFOLHA
A união de Marina Silva e Eduardo Campos na oposição eleva as chances de segundo turno na disputa pela Presidência da República nas eleições do ano que vem, como mostrou o Datafolha na pesquisa divulgada ontem.
Mas a escolha do candidato que encabeçará a chave não será tão óbvia quanto as atuais intenções de voto podem sugerir.
Apesar de neste primeiro momento Marina figurar como a aposta mais segura, a análise de algumas variáveis que compõem o levantamento indica potencial de crescimento do atual governador de Pernambuco.
E o principal catalisador para a candidatura de Eduardo Campos não deve ser, necessariamente, o apoio de sua correligionária.
Até porque Marina apresenta, segundo os resultados, poder de influência limitado como cabo eleitoral, especialmente se comparada à força do ex-presidente Lula enquanto "dublê" de Dilma.
A estratégia de comunicação pode ser o diferencial de Campos. Poucos são os brasileiros que afirmam conhecer bem o pernambucano (8%), taxa que mesmo na região Nordeste alcança apenas 12%.
Um exercício interessante para se tentar projetar seu potencial de crescimento é verificar o desenho do cenário eleitoral no segmento que se demonstra mais informado.
Filtrando-se apenas os entrevistados que afirmam conhecer, mesmo que só de ouvir falar, todos os possíveis candidatos a presidente, Eduardo Campos é o nome que mais supera a média em intenções de voto.
Na situação contra Aécio Neves, o pessebista vai a 22%, Dilma cai para 37% e o tucano mantém índice idêntico ao verificado no total –21%. Contra Serra, a mesma tendência se verifica ""Campos sobe para 24%, Dilma cai para 36% e Serra para 21%. Marina também cresce nesse estrato e encosta em Dilma, mas não tanto quanto seu companheiro de partido.
O pernambucano é o único candidato que vê sua taxa de rejeição cair de maneira expressiva nesse subconjunto do eleitorado –de 25% no total da amostra para 18%.
A Aécio Neves interessa torcer para que Eduardo Campos falhe em sua empreitada, especialmente na retomada de uma parcela do eleitorado que ainda não assimilou bem a desistência de Marina ""as mulheres.
As eleitoras da ambientalista, quando não a enxergam na disputa, migram muito menos para Campos do que os homens (28% contra 38%).
Quando Aécio é o candidato, cerca de 35% delas ficam sem candidato. O desafio do pernambucano é despertar a confiança dessas eleitoras, anulando possíveis ruídos, já que na candidatura do governo a ordem dos gêneros se inverte.