“O Brasil toda vez que precisou dar um salto requereu união. PT e PSDB se rivalizam e dividem o País. Já tiveram sua chance. Hoje, vivem de glórias do passado, sem reconhecer as virtudes e acertos um do outro. Pararam no tempo e só discutem as imperfeições mútuas. Divididos e fragilizados, apoiaram-se nas forças atrasadas para governar. Implementar os avanços e consolidar a modernidade exige a união em torno de uma nova agenda. Exige diálogo. Insistir nas divergências, polarizar, enfraquecem a democracia e dificultam o crescimento. A Aliança unirá o Brasil.”
Essa é a síntese do pré-candidato à presidência da República, Eduardo Campos, a uma qualificada plateia de mais de 200 empresários e especialistas, na manhã desta segunda-feira, em São Paulo, interessada em conhecer o modelo de governança proposto ao País pela Aliança PSB/Rede e demais partidos que aderiram ao projeto, como o PPS, PPL, PRP e PHS.
Reunidos no debate promovido pelo jornal O Estado de S.Paulo em parceria com a Corpora – The Corporate Reputation Agency, o encontro focou questões relacionadas ao desenvolvimento dos principais setores da economia. Gabriel Rico, CEO da Câmara Americana de Comércio (AMCHAM), apontou os entraves a um ambiente de negócios mais amigável ao investidor estrangeiro; Flávio Rocha, presidente da Riachuelo e do Instituto de Desenvolvimento do Varejo (IDV), falou dos desafios que hoje enfrentam o comércio e o varejo em um mercado com risco de contração; Adriano Pires, diretor fundador do Centro Brasileiro de Infraestrutura, pontuou os impasses do setor energético e a deficiente infraestrutura brasileira, e Gustavo Diniz Junqueira, recém-empossado presidente da Sociedade Rural Brasileira, caracterizou os dilemas e a potencialidade do agronegócio que deve fazer a ponte entre o produtor de grande escala e o agricultor familiar, retratos de um País multifacetado e heterodoxo. Francisco Mesquita, diretor presidente do Grupo Estado abriu o evento.
A frase de Eduardo Campos recoloca a política como eixo central para a solução dos problemas do Brasil. “Temos bons diagnósticos e excelente massa crítica, falta política de qualidade”, diz. Para ele, é hora de fazer evoluir o presidencialismo de coalizão – dar um basta à distribuição de nacos do Estado como medida de retenção de poder. “Não vemos isso em outras nações.” A nova governança terá como base o debate programático, unindo as melhores cabeças do País, independente da sigla a qual pertencem. As soluções devem ser encontradas sem recorrer ao toma-lá-dá-cá, e melhorar o nível da política passa por envolver a sociedade nesse diálogo.
É inconteste que o País vem caindo em rankings internacionais de desempenho econômico, como osindicadores WCY (ranking de competitividade do instituto IMD – International Institute for Management e Development, em parceria com a Fundação Dom Cabral) e ICE (ranking de clima econômico do instituto IFO, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas). Todos confirmam o cenário de desaceleração econômica. O País cresce em proporção muito menor, por exemplo, do que Chile, Peru e Colômbia, vizinhos tidos como potencialmente mais fracos. Otamanho da economia doméstica, a atração de investimentos diretos e o emprego, pontos de destaque do Brasil, que impulsionaram a economia nacional na década passada, deixaram de sustentar o crescimento do PIB. “Somos um país capitalista”, afirma Eduardo. Como tal, para ele, os países mais competitivos são os que oferecem condições para que as empresas tenham sucesso no âmbito interno e externo, promovam o crescimento da economia e melhorem o bem-estar da população. Entre as condições, estão bom desempenho econômico, boa infraestrutura, desenvolvimento tecnológico, governos e empresas eficientes.
“Vivemos hoje uma crise energética impensável”, diz o pré-candidato. Falta, em sua visão, uma política energética que leve em consideração a existência das forças de mercado e que imponha a estabilidade regulatória. E falta planejamento de longo prazo. Ou se resgatam as boas práticas ou o País viverá sempre em cenário de incertezas. O paradoxo brasileiro é possuir diversidade de fontes primárias de energia – o que é o diferencial – e viver em meio à tanta ineficiência. O setor precisa de estímulo para investimentos. E não se pode conviver com o uso das estatais como instrumento de política econômica e planos improvisados.
No passado, lembra Eduardo, a nação se uniu para acabar com a hiperinflação. Lula escreveu a Carta aos Brasileiros para sinalizar seu compromisso com os fundamentos necessários à manutenção da estabilidade econômica – o que garantiu poder aprofundar a inclusão social. “Hoje precisamos de união em torno de uma agenda transformadora. Temos que sair dessa eleição fortes para liderar a mudança. O brasileiro foi às ruas apontar o rumo da transformação. Mostrou que querem participar da definição de seu destino. A Aliança está atenta a isso”