
Foto: Lúcio Bernardo Junior/Câmara dos Deputados
O deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG) ingressou, nesta segunda-feira (31), com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar barrar a realização da Copa América no Brasil.
Para o socialista, a realização do torneio é “um absurdo” diante da pandemia do novo coronavírus, que já causou mais de 462 mil mortes no país, e na iminência da chegada de uma terceira onda da doença.
“Os números nossos da pandemia e a proibição de eventos não permitem que o presidente Jair Bolsonaro, deliberadamente, decida que uma Copa desta importância, com 10 seleções de 10 países onde a gente não sabe como está o controle da pandemia, seja realizada aqui, só pela questão financeira”, criticou.
A Copa América 2021 no Brasil foi confirmada nesta manhã pelo presidente da Conmebol, Alejandro Domínguez, em suas redes sociais. Segundo ele, o Brasil seria a nova sede do campeonato, com aval do presidente Jair Bolsonaro e do presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Rogério Caboclo.
Domínguez revela ter recebido garantias do Brasil para a realização da Copa América. “O presidente (Rogério) Caboclo conversou com o presidente Jair Bolsonaro, que apoiou a iniciativa de imediato, com o aval dos Ministérios da Casa Civil, da Saúde, das Relações Exteriores e da Secretaria Nacional do Esporte”, afirmou.
A disputa estava marcada para acontecer, conjuntamente, na Colômbia e na Argentina. Entretanto, o governo colombiano decidiu cancelar o evento após uma série de protestos políticos no país e, o argentino, pelas restrições sanitárias da pandemia de Covid-19.
“Não se pode receber delegações de 10 países para uma Copa que não tem vaga para pré-olímpico ou Copa do Mundo. Meramente comercial, podia ser adiada tranquilamente. Nenhum país quis fazer. Colômbia cancelou por motivos de pandemia e crise, e o Brasil me resolve, pela boa vontade do senhor Bolsonaro, realizar essa Copa no país?”, questionou Delgado.
Governos e oposição contra a Copa
Em nota oficial, o governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), declarou que o Estado não está em condições de receber um evento desse porte em razão do atual cenário epidemiológico, diante da possibilidade do Recife receber partidas do torneio. O socialista destacou que o governo monitora, de forma permanente, os indicadores da doença no Estado.
“Apesar de ainda não ter sido procurado oficialmente pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF), o Governo do Estado reforça que o atual cenário epidemiológico não permite a realização de evento do porte da Copa América no território de Pernambuco”, destaca a nota.
Os governos da Bahia, de São Paulo e do Rio Grande do Norte também já negaram a possibilidade de flexibilizar as regras sanitárias para receber os jogos da Copa América. Segundo eles, os protocolos precisam ser obedecidos e os jogos devem ser sem público.
Pelas redes sociais, o líder da Oposição na Câmara, deputado Alessandro Molon (PSB-RJ), criticou a decisão e comparou a velocidade da resposta do governo brasileiro à entidade das respostas dadas à farmacêuticas nas negociações para compra de vacinas contra a Covid-19.
“Imaginem se Bolsonaro tivesse dado às vacinas a mesma prioridade que deu à Copa América! E-mails da Pfizer e do Butantan não seriam ignorados e muitos brasileiros estariam vacinados”, escreveu Molon.