
Ex-deputado federal e coordenador do site Socialismo Criativo
SEGUNDO TURNO NÃO É DERROTA
Segundo a Folha de São Paulo em editorial de hoje dia 3 de setembro assegurar o segundo turno significaria “desconstruir”as candidaturas favoritas na eleição presidencial de 2022. Com a vantagem adicional de impedir a vitória de Lula no primeiro turno.
Alem de estapafúrdio o argumento é negativista. Um tolo argumento que não representa uma defesa democrática desse instituto. O segundo turno é positivo para a democracia na medida em que pode refletir uma maior diversidade de ideias e programas de governo. Nunca pela desconstrução das candidaturas lideres. Como se a opinião popular que tornaram essas candidaturas lideres não valessem nada.
Mas o fato é que a possibilidade de um segundo turno parece cada dia mais real. Não só pelo crescimento de Ciro Gome e Simone Tebet, como pela manutenção dos indices de Bolsonaro e , em algumas pesquisas , pelo seu crescimento ainda que mínimo.
Essa realidade precisa ser registrada pela militancia, pelos apoiadores e pela direção da campanha de Lula.
Não podemos permitir que o segundo turno, com Lula chegando lá em primeiro lugar, seja encarado como uma derrota porque não ganhou logo no primeiro turno.
E muito menos passar a considerar Simone e Ciro como nossos adversários principais. O inimigo principal continua sendo Bolsonaro, que no caso é inimigo mesmo. Porque é inimigo da democracia. O MDB e seus aliados e o PDT são concorrentes no primeiro turno e precisam ser nossos aliados no segundo.
Alem de mais democrática essa me parece ser a tatica mais eficiente eleitoralmente.
No ultimo debate o nosso candidato Lula falou em duas coisas importantes que não foram destacadas pela imprensa : convidou o PDT publicamente para participar de um eventual governo seu e sinalizou como positiva a existência de muitas candidaturas presidenciais. Manobra politica ? Esperteza ? Pode ser. Mas tambem convicção democrática. Aliás , justica seja feita, nunca ouvi nem de Lula nem de Alckimin uma declaração de que ganharia, no primeiro turno.
Volto a afirmar aqui o que já disse em outros textos : o eventual crescimento das candiaturas de Ciro e Simone não os torna nossos adversários principais.
Precisamos, sim, disputar com eles no terreno em que estão se esforçando para se situarem . O terreno das propostas para o futuro , de um projeto nacional de desenvolvimeno, de um renascimento criativo da industria nacional, de um novo modelo de desenvolvimento que leve em conta a disruptiva revolução tecnologica e a economia criativa. Lula já iniciou isso com o discurso sobre a Amazônia como nosso grande ativo ambiental e com a valorização da cultura.
Acho que devemos avançar mais e mais nessa direção. Na direção de um Brasil, Potencia Criativa e Sustentável , como difendemos no novo Programa do Partido Socialista Brasileiro.