A Negritude Socialista Brasileira (NSB) – Movimento Social do Partido Socialista Brasileiro (PSB) -, que defende causas raciais e procura trazer ao país, através de políticas públicas, maior igualdade e transparência, lembra que nesta quinta-feira (21) é comemorado, em todo mundo, o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
A NSB destaca a necessidade de apoio e eliminação total do preconceito diário, aquele que ninguém nota. “Que possamos aprender a respeitar os direitos do ser humano e, principalmente, acabar com o racismo cotidiano”, destacou a secretária Nacional do Movimento, Cristina Almeida.
“Quando todos levantarem a voz contra o preconceito e a discriminação, a sociedade ganhará em qualidade, dignidade e justiça”, afirmou Cristina Almeida. A secretária Nacional gravou ainda um vídeo em memória desta data, que pode ser conferido no link abaixo:
Dia 21 de Março
O dia foi definido pela Organização das Nações Unidas (ONU) há 53 anos. Na mesma data, no ano de 1960, em Sharpeville, cidade próxima de Johanesburgo, capital da África do Sul houve uma manifestação contra a lei que obrigava os negros a portarem cartões de identificação que especificavam os locais por onde eles podiam circular – a chamada Lei do Passe.
Inicialmente a manifestação tinha objetivo pacífico, com mais de 20 mil pessoas lutando por direitos iguais, porém o exército sul africano atirou contra a multidão. O ato ficou conhecido como o Massacre de Shaperville. Em memória dessa tragédia a ONU instituiu a data.
53 Anos Depois
Mesmo a Constituição Federal de 1988 estabelecer que “todos são iguais perante a Lei, sem distinção de qualquer natureza”, ao longo desses anos diversas formas de preconceitos, abusivas ou não, físicas ou psicológicas continuam acontecendo.
Pensando no melhor para o país e nos direitos humanos, o Movimento Negro Socialista apresenta uma Nota de Repúdio ao novo presidente da Comissão de Direitos Humanos, o deputado – e pastor – Marco Feliciano (PSC-SP), considerado por muitos racista e preconceituoso. Suas declarações ferem a dignidade de brasileiros de diversos segmentos.
Segue abaixo nota de repúdio da NSB:
NOTA DE REPÚDIO DA EXECUTIVA NACIONAL NSB DO PSB
Prezados Companheiros Socialistas,
A Negritude Socialista Brasileira – NSB – engrossando as fileiras dos segmentos do Partido Socialista Brasileiro e de toda a sociedade civil indignados com a eleição do Deputado Pastor Marco Feliciano (PSC) para a Presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, vem a público manifestar-se.
Percebemos que a seriedade da política brasileira fica mais uma vez questionada com esta decisão provinda daqueles que deveriam representar a vontade popular. O povo brasileiro, negro em sua maioria, não se sente contemplado ao deparar-se, na presidência da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara Federal, que deveria ser um baluarte na defesa de todas as questões ligadas à etnia, gênero, concepção filosófica e política, opção sexual etc… Com um parlamentar que, por má vontade, inabilidade moral ou ignorância, não entende as mudanças de paradigma de nossos tempos e, consequentemente, não entende a evolução humana que faz, há muito tempo, lutarmos para suplantar concepções racistas e preconceituosas. Preconceito e discriminação em relação à etnia ou opção sexual, seja pelo motivo que ocorrer, são sinais de incompetência no entendimento do que é o humano. Preocupante é saber que esta postura não é protagonizada apenas pelo deputado referido. Basta ver inoportunas mensagens de apoio a ele nas redes sociais.
A Negritude Socialista Brasileira, veementemente, irrompe em grito de protesto e desaprovação com aquilo que representa o ultrapassado, o arcaico, o virulento e, neste sentido, inconcebível para uma sociedade que se quer civilizada. A eleição do Pastor Marco Feliciano do PSC, justamente para a comissão ligada à cidadania, é sinal de vergonha para o seu partido, para a Câmara Federal e para a população brasileira, se esta não se indignar com tal fato. Ela é corporativa e decorre, muito mais, de acordos e negociatas partidárias do que da transparente busca por mais representatividade, dignidade e cidadania para cada brasileiro e brasileira.
Aquele que opta escrever, em seu twitter, que a “população de descendentes de africanos são amaldiçoados” perde a idoneidade e a imparcialidade necessárias para estar à frente de uma comissão tão demandada de nossa Câmara. A possibilidade de livre expressão acarreta bônus, mas também ônus. Quem pensa como este pastor, de forma racista e homofóbica, não pode estar à frente da comissão que deveria entender-se como suporte para todo e qualquer homem ou mulher; outrossim, quem pensa que, no Brasil – o segundo país no mundo com maior população negra – falar-se em descendentes de africanos é falar sobre minoria, demonstra grotesco desconhecimento sociológico de nossa população.
A NSB repudia o simbólico – que é paradoxal – manifestado na escolha de um cidadão com postura explicitamente racista para uma função na Comissão de Direitos Humanos na qual a diversidade, a luta intransigente contra os preconceitos, a abertura para que o outro expresse-se e expresse a sua liberdade da maneira mais ampla possível são pontos fundamentais a serem defendidos.
Infelizmente, esta parcela da classe política brasileira, na pessoa daqueles que sustentaram posse tão aviltante às relações ético-morais de nossa sociedade, retrocede e desaponta a população negra e a todos (as) cidadãos (ãs) que lutam pelo bem comum em nível social.
Ir contra o Racismo é postura socialista por essência e o Partido Socialista Brasileiro, através do segmento da Negritude Socialista Brasileira, publicamente, deixa o seu repúdio, sua contrariedade e faz questão de registrar que será incansável observador das ações vindouras da comissão citada e se manifestará rotundamente a cada disparate ético cometido por ela.
Saudações Socialistas,
EXECUTIVA NACIONAL DA NEGRITUDE SOCIALISTA BRASILEIRA – NSB – PSB