A Comissão de Segurança Pública e Combate ao Crime Organizado aprovou, nesta quinta-feira (12), requerimento do deputado federal Heráclito Fortes (PSB-PI), que pede a realização de audiência pública para debater assuntos relacionados ao escândalo financeiro envolvendo o HSBC Bank Brasil.
Devem ser convidados o diretor presidente do HSBC Bank Brasil, André Brandão, o superintendente executivo empreendedor direto do HSBC no Brasil, Surerus Marques e um dos jornalistas responsável pela investigação e divulgação da matéria, Jamil Chade.
“Conhecido como ‘SwissLeaks’, este fato pode ser considerado um dos maiores escândalos financeiros do mundo, já que o banco teria auxiliado alguns dos seus correntistas, muitos deles traficantes e ditadores, a esconder dinheiro suspeito”, justifica Heráclito. Para o socialista, a intenção não é expor o Banco, mas esclarecer os fatos. “A Comissão é destinada a combater o crime organizado e deve tratar desse tema.”
As denúncias, explica o deputado, foram divulgadas em mais de 40 veículos de comunicação ao redor do mundo pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ, sigla em inglês), com sede em Washington, Estados Unidos.
Os dados secretos que estavam em posse da justiça e órgãos fiscais de diversos países, foram levantados pelo técnico em informática Hervé Falciani, ex-funcionário do banco em Genebra. As contas somam mais de US$ 100 bilhões, englobando 106 mil clientes, distribuídos entre 203 países. Segundo matéria da revista Veja, os dados se referem ao período de 2005 a 2007.
Além da sonegação fiscal, as contas estão ligadas também à lavagem de dinheiro e até de financiamento de crimes internacionais. A revista cita ainda o Brasil como o quarto país com maior número de clientes no ranking das nacionalidades que mais usaram o banco e as contas secretas. “Temos que investigar essa situação. No total, foram mais de 8,7 mil contas ligadas a 6,6 mil brasileiros, onde foram depositados 7 bilhões de dólares”, argumenta Heráclito.
Entre as personalidades brasileiras constam os nomes de Lilly Safra, matriarca da família dona do banco Safra, e os Steinbruch, que controlam a Companhia Siderúrgica Nacional. Nomes ligados à Operação Lava Jato também foram citados, entre eles o de Pedro José Barusco Filho, ex-gerente da Petrobras, Raul Henrique Srour, suspeito de integrar o grupo do doleiro Alberto Youssef, além de oito integrantes da família Queiroz Galvão. As contas registradas nessa lista existem desde os anos 1970, mas o período avaliado vai até 2006.