Coordenador da Frente Ambientalista na Câmara, o deputado Rodrigo Agostinho (PSB-SP) tem sido um porta-voz da insatisfação da sociedade civil com o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.
Com uma agenda destrutiva do meio ambiente, por mais paradoxal que pareça para um ministro da área, Salles é considerado problemático por integrantes do próprio governo e visto como entrave para o avanço de acordos comerciais internacionais. Na semana passada, um grupo formado por quase 30 fundos de investimento com US$ 3,7 trilhões exigiu que o Brasil freie o crescente desmatamento no País.
O ministro é alvo de um pedido de impeachment feito por 70 deputados da Frente. Desde sua fala revelada no vídeo da reunião ministerial de 22 de abril, em que diz querer “aproveitar esse período de pandemia para passar a boiada” e simplificar as normas ambientais por decreto, o incômodo com a permanência de Salles no governo aumentou.
“Ele (Salles) perdeu credibilidade para estar à frente do Ministério do Meio Ambiente. Foram vários pedidos de impeachment protocolados, inclusive da sociedade civil. Já fez o Brasil passar vergonha demais. Está na contramão da história, infelizmente”, afirmou Agostinho.
O saldo de 17 meses das políticas do governo Bolsonaro, capitaneadas por Salles na área ambiental é desastroso para o país.
Na contamão de todos os acordos internacionais para o meio ambente, a agenda implementada por Salles se pauta pelo enfraquecimento das ações de combate ao desmatamento, o ataque aos povos indígenas, o afrouxamento da fiscalização sobre crimes ambientais, o desmonte das estruturas de vigilância ambiental e os cortes orçamentários na área.
O resultado disso tem dimensão global: o país é responsável por um terço da devastação das florestas virgens no mundo. De acordo com recente relatório da Global Forest Watch (GFW), foram queimados ou desmatados 1,3 milhão de hectares (13.610 km²), área maior que a cidade de Sidney, na Austrália (12.368 km²).
“Não faz sentido ter um ministro do Meio Ambiente que, na verdade, luta contra o meio ambiente”, afirma Agostinho.
Diante de críticas internacionais sobre a gestão do setor no governo brasileiro, a Câmara tenta acelerar a votação de projetos ambientais. A ideia é dar sinais positivos para acalmar investidores estrangeiros, principalmente do agronegócio.
“Temos várias propostas que precisamos aprimorar e trabalhar de alguma forma para criar uma agenda legislativa de combate ao desmatamento. Precisamos fazer o enfrentamento a esses números absurdos”, conclui Agostinho.
Com informações do Estadão