
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
O vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), celebrou nesta quarta-feira (2) a conclusão das negociações, que duraram mais de oito anos, para um acordo de livre comércio entre o Mercosul e a Associação Europeia de Livre Comércio (EFTA) — bloco composto por Noruega, Suíça, Islândia e Liechtenstein, países que não integram a União Europeia. O anúncio foi feito durante a 66ª Cúpula do Mercosul, realizada em Buenos Aires, na Argentina.
Área de livre comércio formada por 15 milhões de pessoas, o EFTA possui um PIB de US$ 1,4 trilhão. Os quatro integrantes deste bloco estão entre os maiores PIB per capita do mundo. Em 2024, o bloco importou US$ 284 bilhões em serviços. Se fosse um país, seria o 9º maior importador global, à frente de potências como Índia, Japão, Itália, Coreia do Sul e Canadá.
Do lado das exportações, a EFTA também ocupa o 9º lugar entre os maiores exportadores mundiais de serviços, com US$ 245 bilhões em 2024. “Um mercado de elevada renda, que garantirá acesso facilitado a 100% de nossas exportações industriais”, afirmou Alckmin. “Foram 8 anos de trabalho duro, mas o resultado mostra que o diálogo é o caminho para estimularmos nossa economia, gerando emprego e renda”, completou.
O acordo promete redução de tarifas e barreiras comerciais, com foco na ampliação das exportações industriais e de serviços, setores estratégicos para os países do Mercosul. Além disso, representa uma abertura significativa para produtos sul-americanos em mercados de alto poder aquisitivo, o que pode impactar positivamente a geração de empregos e o crescimento do PIB.
O setor industrial brasileiro, em especial, pode se beneficiar com a maior previsibilidade e competitividade nos mercados europeus. Produtos com valor agregado terão melhores condições de entrada nos países da EFTA, que já se destacam pela demanda sofisticada e estável.
A negociação com o bloco europeu se soma a outros esforços recentes da política comercial brasileira, como a conclusão do acordo Mercosul-União Europeia, anunciada em 2024, e o acordo com Singapura, assinado em 2023. A finalização desses acordos aumenta em 2,5 vezes a corrente de comércio brasileira coberta por acordos de livre comércio, passando de US$ 73,1 bilhões para US$184,5 bilhões.
Para Alckmin, as iniciativas compõem uma estratégia nacional de diversificação de parcerias comerciais e reforçam a inserção do Brasil em mercados estratégicos. “É um tratado muito abrangente, cobrindo desde comércio de bens e serviços até investimentos, propriedade intelectual e sustentabilidade. Significará mais previsibilidade e segurança jurídica para o nosso comércio”, afirmou.
Segundo o governo federal, o acordo com a EFTA garantirá livre comércio para quase 99% do valor das exportações brasileiras, tanto agrícolas quanto industriais. Além disso, quando considerado em conjunto com o tratado Mercosul-União Europeia, o Brasil poderá conquistar acesso preferencial a quase toda a Europa.
Em 2024, o Brasil exportou US$ 3,1 bilhões em bens para os países da EFTA e importou US$ 4,1 bilhões. A expectativa é de que o novo acordo contribua para equilibrar essa balança, gerando novas oportunidades comerciais e de investimento.