Participantes do 1° Seminário Nacional de Política Industrial, realizado nesta terça-feira (17), na Câmara dos Deputados, defenderam o resgate da política industrial no desenvolvimento do Brasil.
O evento, organizado pela Comissão de Indústria, Comércio e Serviços da Câmara, foi proposto pelo presidente do colegiado, deputado Heitor Schuch (PSB-RS).
Na abertura, o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin celebrou a iniciativa do debate e expôs algumas ações do governo federal para uma ‘neoindustrialização’, pautada na inovação e na sustentabilidade. Uma delas é a política de depreciação acelerada de bens de capital da indústria, a ser divulgada em breve.
Por meio dessa política, as empresas poderão ampliar a depreciação do maquinário em sua contabilidade e ganhar redução de Imposto de Renda e CSLL por um período a ser definido pelo governo. “O parque industrial brasileiro está antigo, 14 anos em média. É preciso renová-lo para ganhar produtividade, eficiência”, disse Alckmin.
Alckmin explicou que o ministério reinstalou o Conselho Nacional de Desenvolvimento Industrial e já vem avançando nas questões de desburocratização, para diminuir custos da indústria, além do investimento em digitalização, pesquisa e desenvolvimento. “Não tem pesquisa, não tem desenvolvimento, não tem salário mais alto, não tem agregação de valor e não tem PIB maior se não tivermos uma indústria forte”, afirmou o vice-presidente.
O deputado Heitor Schuch lembrou que o setor perdeu espaço na economia nacional nas últimas décadas. Em 2022, a indústria respondeu por 23,9% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em 1985, representava 48% do PIB. “Temos que buscar o caminho da inovação, descarbonização, transição energética, digitalização, transformação tecnológica e superação das desigualdades sociais”, afirmou.
Investimento
Também participaram da abertura o diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Nelson Barbosa, o diretor de Educação e Tecnologia da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Rafael Lucchesi, e a presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Cecília Vergara.
Barbosa afirmou que a retomada da política industrial ganhou urgência na agenda política com a corrida comercial China-Estados Unidos.
A disputa levou os países desenvolvidos a adotar políticas explícitas de incentivos ao setor. Para não ficar atrás, segundo Barbosa, o Brasil deve seguir o mesmo caminho, e tem potencial para isso.
“O Brasil não tem montadora de carro nacional, mas tem montadora de ônibus. Tem dificuldade de consolidar a indústria naval, mas tem uma indústria aeronáutica consolidada. Ou seja, a gente sabe fazer as coisas. Tem de estudar os casos de sucesso”, disse Barbosa.
Rafael Lucchesi, também defendeu a criação de “uma nova onda de industrialização”. “Isso vai ser chave para a nossa quadra histórica. E, para isso, temos que ter um ambiente institucional”, afirmou.
Lucchesi acrescentou que a indústria é fundamental na agenda de desenvolvimento nacional. “Que país se desenvolveu no mundo sem desenvolver a estrutura industrial? Nenhum”, declarou.
Com informações da Liderança do PSB na Câmara e da Agência Câmara