Jornalista e fundadora do ‘Instituto Lagarta Vira Pupa’, entidade formada por mães de crianças e mulheres com deficiências, a deputada estadual Andréa Werner (PSB-SP) é cotada para assumir a presidência da recém criada Comissão de Pessoas com Deficiência da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp).
Em seu primeiro mandato, eleita com 88,7 mil votos, Andrea é uma importante voz na causa das pessoas com necessidades especiais. Ela é mãe de Theo, 14, diagnosticado com autismo aos 2 anos de idade.
A criação de uma comissão específica sobre o tema na Alesp vinha sendo defendida na Casa por alguns parlamentares, dentre eles, Caio França (PSB), que apresentou uma proposta específica sobre o tema.
A deputada defende a criação de uma rede de proteção e apoio a familiares de pessoas com necessidades especiais. Entre as suas propostas está o fornecimento de uma renda básica para mães cuidadoras em situação de vulnerabilidade.
“Pesquisas mostram que mães de pessoas com deficiência são, muitas vezes, abandonadas pelos seus pares. A proposta da renda continuada ainda é pouco perto do esforço que essas mulheres investem na saúde e cuidado dos filhos, mas é uma forma de tentar garantir alguma ajuda financeira”, afirma. “As mães de pessoas com deficiência se matam por falta de política pública. Em dezembro de 2020, foram umas três. A gente precisa melhorar o apoio a essas famílias”, diz.
O Instituto Lagarta Vira Pupa, de inclusão e apoio de pessoas com deficiência e suas famílias, é a continuidade do trabalho que Andrea desenvolve desde 2012, quando lançou um blog homônimo para escrever sobre suas experiências como mãe de um autista.
“Com o blog, passei a receber muito contato de mães, relatos muito pessoais, e notei que não tinha nada sobre o assunto para elas na internet naquela época”, diz. Ela também lançou dois livros infantis sobre o tema e tornou-se formadora de opinião no assunto.
Na avaliação da deputada, o maior problema setor não é a ausência de leis, mas a falta de fiscalização sobre as que já existem. “Se as leis que já temos fossem cumpridas, com escolas preparadas para alunos com deficiência e mediadores treinados dentro das salas de aula, estaríamos no paraíso”.
Ativista de pessoas com necessidades especiais, Andrea promoveu forte mobilização pela aprovação, no ano passado, do projeto de lei que derrubou o rol taxativo para a cobertura dos planos de saúde. Com a sanção da proposta, as operadoras de assistência à saúde passaram a ser obrigadas a oferecer cobertura de exames ou tratamentos que não estão incluídos no rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar.
A deputada ajudou também a mobilizar protestos pela recriação da Secretaria de Pessoas com Deficiência do Estado de São Paulo, extinta na primeira versão da estrutura de governo. Ela também fez o governador Tarcísio de Freitas voltar atrás ao veto a um projeto de lei que previa validade indeterminada para laudos que atestavam transtorno do espectro autista. Segundo Andrea, com o tempo, uma pessoa diagnosticada com autismo pode adquirir habilidades sociais e autonomia, de forma que ela nem pareça ser autista, “mas ela vai continuar sendo autista”, afirma.
Na opinião da deputada, a criação de “escolas especiais” para jovens com deficiência só aumenta o preconceito contra essa parcela da população. “Nunca teremos uma sociedade inclusiva que abrace a diversidade, se nós não convivermos com pessoas com deficiência desde cedo”, declara.
A socialista defende, no entanto, a manutenção de escolas especializadas (como a Apae) porque, às vezes, é a única rede de apoio de mulheres que criam seus filhos sozinhas. No longo prazo, contudo, quer garantir que todas as escolas estejam aptas a receber alunos com deficiência, e que esses sejam integrados.
Com informações de Alesp e Folha de S. Paulo