O ex-presidente de Cuba, Fidel Castro, morreu à 1h29 (hora de Brasília) deste sábado, 26, aos 90 anos, na capital Havana. A sua morte foi anunciada pelo seu irmão Raúl Castro em pronunciamento na TV estatal cubana.
“Com profunda dor compareço para informar ao nosso povo, aos amigos da nossa América e do mundo que hoje, 25 de novembro de 2016, às 22h29, faleceu o comandante da Revolução Cubana, Fidel Castro Ruz”, disse Raúl Castro. Emocionado, o irmão mais novo – que assumiu o posto em lugar de Fidel – terminou o anúncio da sua morte com a frase: “Até a vitória, sempre”.
O corpo do líder histórico da Revolução Cubana será cremado ainda neste sábado e suas cinzas serão enterradas no dia 4 de dezembro, na cidade de Santiago de Cuba, depois de percorrerem o país numa caravana de quatro dias. Cuba estará em luto oficial por nove dias.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, lamentou a morte do líder cubano. “É com profundo pesar que recebemos a morte de Fidel Castro, o maior estadista da América Latina no século XX, um líder revolucionário que inspirou – e inspira – gerações e todos aqueles que, como nós, socialistas, não desistimos nunca de lutar por um mundo mais justo e igualitário”, afirmou.
Siqueira destaca os importantes avanços sociais promovidos pela revolução em Cuba, com prioridade absoluta para educação e saúde, o que tornou o país de Fidel referência mundial em políticas públicas.
“A qualidade de resistir a uma geopolítica que historicamente foi perversa para com a América Latina e povos empobrecidos do mundo, a coragem de enfrentar as assimetrias de poder nesse contexto, a perseverança em fazer de Cuba referência mundial em políticas públicas que interessam de perto aos debaixo, como educação de qualidade, saúde pública, universal e de excelência deixam claro que sua importância envolve igualmente pautas internas, de aspiração francamente socialista em sua natureza”, afirma o presidente socialista em nota oficial.
“Morre Fidel, que representou acima de tudo uma certa sorte de rebeldia, animada pela potência da juventude, que não deseja e não aceita se conformar. Mesmo que se tenha que lidar com seus excessos de ânimo e ímpeto, não poderá haver qualquer futuro pleno de expectativas civilizatórias, que se construa sem esse elemento indelével, que é o amor de um tempo ainda por vir e pelo qual vale a pena arriscar a vida”, afirma Siqueira.
Um dos líderes políticos mais influentes do século XX, Fidel Castro morre 60 anos depois de desembarcar em Cuba no navio Granma com um grupo de rebeldes provenientes do México, para fazer a guerrilha que viria a derrotar Fulgêncio Batista em 1959.
Fidel tinha 32 anos quando entrou triunfante em Havana, depois de enfrentar um exército de 80 mil homens, com apoio dos Estados Unidos. Em seu pior momento, o movimento revolucionário chegou a ter penas 12 rebeldes e sete fuzis.
O ex-presidente tinha sido visto pela última vez em público em 15 de novembro, quando recebeu o presidente vietnamita, Tran Dai Quang. Em abril, havia feito um discurso no encerramento do Congresso do Partido Comunista Cubano, no qual falou indiretamente sobre a morte – e seu legado – e reafirmou os princípios comunistas.
“Em breve vou fazer 90 anos, isso nunca me tinha passado pela cabeça e não foi fruto de um esforço, foi capricho da sorte. Em breve serei como todos os outros. A vez chega a todos, mas ficam as ideias dos comunistas cubanos como prova de que neste planeta, se se trabalha com fervor e dignidade, se podem produzir os bens materiais e culturais de que os seres humanos precisam e devemos lutar sem trégua para os obter”, disse, na ocasião, em tom de despedida.
Em 2006, os problemas de saúde afastaram temporariamente do comando do país. Dois anos depois, anuncia sua renúncia em um texto publicado no jornal estatal Granma. Fidel Castro foi presidente do Conselho de Estado e do Conselho de Ministros de Cuba, assim como comandante-em-chefe das Forças Armadas Revolucionárias.
Trajetória
Fidel inicia seus estudos na Universidade de Havana em 1945, onde conhece o nacionalismo político cubano, o anti-imperalismo e o socialismo, e se formou em direito em 1950.
Em 1948, Fidel viaja para a República Dominicana em uma expedição para tentar derrubar o ditador Rafael Trujillo, que foi fracassada. Ao voltar para a faculdade, ele se junta ao Partido Ortodoxo, fundado para combater a corrupção no país.
Em 26 de julho de 1953, cerca de 150 pessoas atacam o quartel de Moncada, em Santiago de Cuba, em uma tentativa de derrubar Batista. O ataque falha e Fidel é capturado. Após julgamento, ele é condenado a 15 anos de prisão. O incidente, no entanto, o torna conhecido no país.
Em 1955, Fidel é anistiado, e funda o movimento 26 de Julho, de oposição ao governo. Nessa época, ele se encontra pela primeira vez com o revolucionário Ernesto ‘Che’ Guevara e se exila no México.
Em 1957, junto com Guevara e mais 79 expedicionários, chega a Cuba a bordo de um navio e tenta derrubar o presidente, mas é surpreendido pelo Exército e derrotado. Fidel, seu irmão Raúl e Che conseguem escapar e se refugiam na Sierra Maestra, onde travam combates com o governo.
Em 30 e 31 de dezembro de 1958, as vitórias revolucionárias assustam Batista, que foge de Cuba para a República Dominicana. Aos 32 anos, Fidel e os rebeldes conseguem o controle do país.
Novo regime
Fidel Castro assume como primeiro-ministro em 1959, após a renúncia de Jose Miro Cardona. Nesta época, são iniciadas as relações com a então União Soviética.
Em 1960, Fidel nacionaliza a indústria açucareira de Cuba, sem pagar indenizações. Três anos depois ele estatizaria as fazendas, ampliando a reforma agrária.
Em abril de 1961, Castro formaliza Cuba como um estado socialista. No dia seguinte, cerca de 1,3 mil exilados cubanos apoiados pela CIA atacam a ilha pela Baía dos Porcos, em uma tentativa de derrubar o governo.
O ataque foi um fracasso – centenas de pessoas foram mortas e quase mil capturadas. Os EUA negam seu envolvimento, mas revelam que os exilados foram treinados pela CIA. Décadas depois, o país confirma que a ação vinha sendo planejada desde 1959. O incidente ajuda a unificar o país e consolida o poder dos revolucionários. Em maio do mesmo ano, Che Guevara assume o Ministério da Indústria.
Em 1962, os EUA ordenam o bloqueio econômico total à ilha, isolando o regime, uma política que se seguiu até a atualidade.
Fidel passa a intensificar sua relação com a União Soviética, com financiamento e ajudas militares. Em outubro de 1962, o país concebe a ideia de implantar misseis nucleares em Cuba, gerando uma crise com os EUA e quase uma guerra nuclear.
Dias depois, o premiê soviético concordou em remover os mísseis com o comprometimento americano de não invadir Cuba.
Em 1965, Che deixa o país para expandir a revolução. Dois anos depois, ele é assassinado na Bolívia. No mesmo ano, Fidel se torna o líder do Partido Comunista cubano. Apoia a luta armada contra o imperialismo na América Latina e na África.
Apesar do comprometimento dos EUA de não invadir a ilha, houve ataques de outras formas, como o bloqueio econômico e centenas de tentativas de assassinato contra Fidel ao longo dos anos. Fidel chegou a dizer que se escapar de tentativas de assassinato fosse um esporte olímpico, ele teria ganhado medalhas de ouro.
Durante seu governo, Fidel investe na educação – foram criadas cerca de 10 mil novas escolas, e a alfabetização atingiu 98% da população. Os cubanos têm um sistema de saúde universal, que reduziu a mortalidade infantil para 11 a cada mil nascidos vivos.
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Assessoria de Comunicação/PSB Nacional