
Foto: Humberto Pradera
As comemorações do centenário de nascimento de Miguel Arraes em Brasília foram encerradas na noite desta quarta-feira (14) com a realização de um ato político e cultural que reuniu personalidades políticas e artistas, no Centro de Convenções Ulysses Guimarães. Shows de Toquinho, Ivan Lins e Antônio Nóbrega alegraram a noite dos presentes no auditório Planalto do espaço de eventos.
Participaram da celebração o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira; o presidente da Fundação João Mangabeira, Renato Casagrande; a ministra do Tribunal de Contas da União (TCU) e filha de Miguel, Ana Arraes; o advogado e neto de Arraes, Antônio Campos; o vice-governador de São Paulo, Márcio França; os prefeitos de Belo Horizonte e de Palmas, respectivamente, Márcio Lacerda e Carlos Amastha.
Também estavam presentes no evento o ex-senador Pedro Simon; a fundadora do partido Rede Sustentabilidade, Marina Silva; o ministro da Cultura, Roberto Freire; o pianista Arthur Moreira Lima, Antônio Campos, presidente do Instituto Miguel Arraes e neto do homenageado, além de outros familiares de Arraes e lideranças políticas do PSB.
Na abertura, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, expressou alegria por ver o auditório do Centro de Convenções repleto de “companheiros de luta e admiradores de um dos grandes líderes da esquerda brasileira”, que completaria 100 anos neste dia 15 de dezembro. Siqueira ressaltou as virtudes de Doutor Arraes, como era carinhosamente chamado. “Aqueles que tiveram a oportunidade, como eu, de conviver com ele, sabem muito bem que, por trás daquela cara sisuda, aparentemente, existia uma pessoa muito descontraída no dia a dia e muito respeitosa com todos”, afirmou.
Para Siqueira, Arraes foi um cearense que se tornou a principal personalidade política de Pernambuco por ser uma figura que compreendia e amava o povo, principalmente os mais humildes. “Essa capacidade de compreensão e de convivência com todos nunca lhe fez perder o rumo, sempre lhe fez ser coerente em toda sua longa vida pública dedicada ao povo. Foi nele que os oprimidos encontraram voz, ação, solidariedade e o caminho. Arraes era um político que amava o povo e quando esteve no poder pode fazer ações simbólicas que representavam algo muito maior do que simplesmente ser governador ou prefeito, era algo que estava simbolizando um rumo para a valorização daqueles que sempre foram desvalorizados pela elite brasileira”.
Siqueira destacou que a capacidade de diálogo do Pai Arraia, como era conhecido pelo povo mais humilde, era outra de suas características. “Ele juntou no Palácio do Campo das Princesas, a sede do governo estadual de Pernambuco, os usineiros, os fornecedores de cana, os trabalhadores rurais e, ali, celebrou um acordo inédito que foi o chamado Acordo do Campo, onde pela primeira vez na história brasileira, os trabalhadores rurais passaram a ter os mesmos direitos dos trabalhadores formais como carteira assinada e décimo terceiro”, explicou.
Para finalizar, Siqueira afirmou que é preciso que os políticos se inspirem nos ideais de Miguel Arraes, sobretudo no momento de crise nacional que o Brasil enfrenta atualmente. “Tudo isso faz com que nós tenhamos aqui hoje, inspirados em Arraes, esperança para que possamos acreditar que é possível mudar apesar das dificuldades que estamos enfrentando, que são graves, mas que nós socialistas sabemos que é possível mudar, construir um mundo melhor, um mundo humano, um mundo democrático, um mundo onde as pessoas possam ser respeitadas na sua dignidade. Por isso, fazemos aqui nossa homenagem a Miguel Arraes”, encerrou.
Programação

Antônio Nóbrega reverenciou Arraes com canções influenciadas em obras do escritor Ariano Suassuna. Foto: Humberto Pradera
O ator, coreógrafo, escritor e músico Antônio Nóbrega abriu os shows da noite em homenagem ao líder socialista. As famílias do artista e de Miguel Arraes eram próximas, contou Nóbrega. “Meu pai João Barros de Almeida foi diretor de Saúde Pública do Recife [quando Miguel Arraes era governador de Pernambuco]. Eu tive o primeiro contato com Arraes no Palácio Campo das Princesas. Nunca me esqueço do rosto de Miguel Arraes, com aquele sorriso”, destacou.
O artista reverenciou Arraes levando ao palco a diversidade de suas performances, que em grande parte foram influenciadas por obras de Ariano Suassuna, escritor, dramaturgo, poeta e romancista. Presidente de Honra do PSB, Ariano Suassuna foi secretário da Cultura no governo de Miguel Arraes. Além disso, eram vizinhos e grandes amigos.
Nóbrega entoou os romances A Nau Catarineta, A Filha do Imperador do Brasil, as peças instrumentais Rasga e Mourão, além das canções O Rei e o Palhaço e Chegança, do seu CD Madeira que Cupim Não Rói, título da música que se tornou uma espécie de hino do partido. Toquinho deu seguimento ao ato político e cultural com Samba de Orly, música que compôs com outros artistas durante o exílio, além da clássica Aquarela. Foi no período em que esteve fora do país que o artista conheceu Miguel Arraes, por meio de Vinicius de Moraes, amigo pessoal do ex-governador, contou.
“Vinicius era amigo dele, contemporâneo, de 1913. Arraes era de 1916. Eu era muito jovem, mas já tinha uma noção de brasilidade. É um prazer enorme estar aqui. Vinicius me abriu tantas portas para conhecer muitas pessoas e em tantas circunstâncias”, declarou o cantor e compositor.
Ivan Lins escolheu a música Bandeira do Divino para homenagear o líder político. “Que o perdão seja sagrado, que a fé seja infinita, que o homem seja livre, que a justiça sobreviva”, diz a música. O cantor destacou Miguel Arraes como homem que perseguia a justiça e lutava por melhores condições de vida do povo pernambucano.
“Tenho a imagem de Miguel Arraes na resistência do Brasil na época da ditadura. A gente, recém saído da universidade, na luta contra a escuridão que desabou no país. A figura de Miguel Arraes para todos nós jovens compositores universitários de era um figura ícone, tínhamos verdadeira adoração por ele. A gente tinha muito respeito pelo trabalho que ele fazia, pelo seu humanismo”, afirmou o artista.
“Meu pai gostava muito de Miguel Arraes, dizia que era um dos poucos homens do país que tinha um pensamento justo e humano, que pensava em condições dignas para o povo”, completou Ivan Lins.
Outros eventos
A programação final do centenário de Miguel Arraes em Brasília, realizada pelo PSB, em parceria com a Fundação João Mangabeira (FJM) e com o Instituto Miguel Arraes (IMA), contou também com a mostra fotográfica “Miguel Arraes: Uma trajetória de luta pelo Brasil”, que ficará exposta no corredor de acesso ao plenário da Câmara dos Deputados até o dia 7 de janeiro; uma sessão solene conjunta no Congresso Nacional em memória ao socialista; e uma sessão solene durante a abertura da reunião do Diretório Nacional do partido.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional