A reunião do Diretório Nacional do PSB, nesta quarta-feira (14), foi aberta com uma sessão solene em homenagem ao centenário de nascimento do ex-governador de Pernambuco e ex-presidente do partido, Miguel Arraes.
Uma placa em homenagem a Arraes, um dos principais líderes da esquerda brasileira, foi descerrada para marcar a decisão dos socialistas em nomear a sede nacional da legenda, que agora passa a se chamar “Sede Governador Miguel Arraes de Alencar”.
O salão azul do Hotel Nacional, local da reunião do Diretório Nacional, recebeu decoração inspirada no sertão nordestino e nas cidades onde Miguel Arraes viveu parte de sua infância e juventude, em Araripe e no Crato, respectivamente. Totens com caricaturas de Arraes simbolizaram as diversas “faces” do líder político, sua generosidade e seu conhecido humor, representado sempre com um sorriso.
Estavam presentes na cerimônia o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, o vice-presidente Institucional do partido, Beto Albuquerque, o presidente da Fundação João Mangabeira, Renato Casagrande, o vice-governador de São Paulo, Márcio França, o prefeito do Recife, Geraldo Julio, o presidente do Instituto Miguel Arraes, Antônio Campos, além de deputados, senadores e representantes dos movimentos sociais do partido.
Os socialistas fizeram um minuto de silêncio em respeito à memória de Miguel Arraes e em pesar à morte ex-prefeito de São Vicente (SP), Tércio Garcia.
O vice-governador Márcio França destacou a influência de Miguel Arraes em sua carreira política, lembrou o senso de humor do ex-presidente do PSB e sua capacidade de diálogo e convivência com diferentes lideranças partidárias. “Arraes era inflexível na condução do seu conteúdo ideológico, o que não impedia que ele convivesse com forças políticas diferentes. Ele me disse, quem está convencido, convive e convence”, lembrou. “Doutor Arraes fazia tudo com retidão de caráter e não perdia o humor. Quem teve a honra de conviver com ele sabe que ele foi uma fonte de inspiração e exemplo”, destacou.
Filiado ao PSB, o pianista Arthur Moreira Lima, uma das mais importantes personalidades da cultura brasileira, interpretou no piano uma versão de Carinhoso, de Pixinguinha. Os socialistas aplaudiram em pé a apresentação do artista e entoaram, em seguida: “Arraes, guerreiro, do povo brasileiro”.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, ressaltou que as celebrações do centenário de Miguel Arraes servem para relembrar os ideais socialistas e os exemplos que o ex-governador deixou para o país e para o mundo. “Pessoas como Miguel Arraes nascem a cada século. Ao lado de Dom Helder Câmara, a quem também já homenageamos, foi um dos homens mais importantes de Pernambuco e do país. Ele era um homem do mundo, de visão universal, que é própria dos socialistas”, disse.
Siqueira destacou ainda as iniciativas pioneiras de Arraes em Pernambuco e que serviram de inspiração para o país. O socialista iniciou o método de alfabetização de adultos pelo Movimento de Cultura Popular, realizou o Acordo do Campo, que garantiu pela primeira vez o pagamento de direitos aos trabalhadores rurais, e criou o Programa Cidadão, que registrou mais de 1 milhão de pessoas em Pernambuco.
Miguel Arraes também pensava estrategicamente o desenvolvimento nacional, afirma Siqueira. O ex-governador foi responsável pela criação da primeira secretaria de Ciência e Tecnologia e do primeiro laboratório farmacêutico do Nordeste, além de implantar uma rede de farmácias para vender medicamentos mais baratos a população carente. “Foi Miguel Arraes que, pela primeira vez, conseguiu reunir a convivência entre os contrários no sentido de promover o progresso das classes populares”, destacou.
O presidente do PSB aproveitou o momento de reflexão sobre o legado do ex-governador para criticar a atual reforma da Previdência discutida no Congresso e pediu “maturidade” da bancada socialista na análise do projeto. “Estando ou não no governo, o sistema Saúde, Assistência e Previdência é absolutamente identificado com as teses do partido politico e da esquerda, e delas não podemos abrir mão. Não podemos cobrar dos mais vulneráveis para que paguem o preço dessa reforma, e essa reforma não passará, e eu conto com o apoio das nossas bancadas. Que o partido tenha maturidade para dizer que queremos tempo para estudar a proposta”, declarou.
A última edição do boletim Conjuntura do Brasil, publicado pela Fundação João Mangabeira, trata com profundidade sobre a Previdência Social, ressaltou Siqueira. “O boletim reúne dados fenomenais. Mostra que é possível fazer a reforma sem que a carga seja paga pelos mais pobres”.
Durante a reunião, Siqueira também anunciou a Plataforma de Democratização da Gestão Partidária, ferramenta que vai permitir a comunicação online e em tempo real entre a militância, a filiação de novos socialistas e a realização de pesquisas sobre temas de interesse do partido, além da publicação do anuário de atividades do PSB, uma iniciativa da Executiva Nacional para registrar e divulgar as ações do partido durante o ano.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional