A bancada do PSB na Câmara dos Deputados vai apresentar, na próxima semana, um projeto de lei que propõe a inclusão do nome do ex-governador de Pernambuco e ex-presidente socialista Miguel Arraes no Livro dos Heróis da Pátria.
O Livro dos Heróis está, atualmente, no Panteão da Pátria e da Liberdade Tancredo Neves, localizado em Brasília.
A ideia partiu do governador de Pernambuco, Paulo Câmara (PSB), tendo como autor o deputado federal Tadeu Alencar, vice-líder da bancada. Na manhã desta sexta-feira (26), a proposta foi assinada pelos deputados socialistas João Fernando Coutinho, Danilo Cabral e Severino Ninho, como co-autores do projeto, e será subscrita pelos demais parlamentares na próxima terça-feira (30).
Durante a solenidade no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo pernambucano, o governador de Pernambuco disse que a homenagem é um reconhecimento ao fato de que Arraes sempre foi considerado um homem “à frente de seu tempo”. “A brilhante iniciativa da bancada alça oficialmente nosso grande líder ao status merecido de herói nacional ao lado de figuras ilustres”, afirmou.
“Trata-se de um reconhecimento a um homem que esteve à frente do seu tempo, que batalhou por causas nobres, que sempre lutou em favor dos interesses do povo brasileiro e da democracia. Cravar o nome desse grande homem num panteão é eternizar de forma legítima e justa suas lutas e suas bandeiras na história do Brasil”, disse Câmara.
O deputado Tadeu Alencar, por sua vez, ressaltou que a homenagem a Arraes é o reconhecimento da importância do líder socialista na luta em defesa dos interesses nacionais e do povo brasileiro. “Miguel Arraes viu centenas de flagelados pedindo comida, e ele, tocado com aquela realidade, distribuiu 'bolachas de cego', como ele chamava, para tentar minimizar o flagelo da fome das pessoas”, lembrou Alencar. “E a consciência política de Arraes, a consciência da desigualdade e da opressão, disse ele próprio, nasceu ali”, assinalou o deputado.
José Almino, filho de Miguel Arraes, ressaltou que o pai foi um homem que conseguiu, em toda a sua vida pública, construir várias frentes políticas, reunindo diversos apoios políticos. “Meu pai era um patriota, não no sentido vagamente bélico, mas sempre na defesa dos interesses nacionais, na ideia de construir uma nação brasileira. Nesse propósito, ele sabia que essa não poderia ser uma tarefa a ser construída sozinho. Precisaria do apoio sucessivo e variado de outras pessoas”, destacou.
“Portanto, não cabe a mim proclamar meu pai herói pela pátria ou pela liberdade. Isso se dará naturalmente com o apoio do povo e com a aprovação (do projeto de lei) pelo Congresso Nacional. Mas se eu pudesse dizer alguma coisa, eu diria 'é por aí”, contou.
Doutor Arraes, como era carinhosamente chamado, nasceu em Araripe, interior do Ceará, e construiu sua carreira política em Pernambuco. Foi o grande líder da esquerda brasileira no Nordeste e um dos maiores do Brasil. Teve sua vida pública marcada pelo compromisso com a redução das desigualdades sociais, a melhora das condições de vida no campo, a educação de qualidade e a luta em defesa da democracia brasileira.
Arraes foi deputado estadual e federal, prefeito do Recife, secretário da Fazenda do Estado e governador por três mandatos. O primeiro deles ficou marcado por uma série de políticas que buscavam garantir mais dignidade no campo e na cidade. O Acordo do Campo, que garantiu direitos aos trabalhadores, o Movimento de Cultura Popular e a aplicação do Método Paulo Freire nas escolas foram algumas das ações consideradas “revolucionárias” à época no país, como assinalou o jornalista Antonio Callado, em seu livro “Tempo de Arraes – a revolução sem armas”.
A primeira gestão de Arraes foi interrompida pelo golpe de 1964. No dia 1° de abril, o líder socialista foi deposto e preso. No ano seguinte, parte para um período de exílio na Argélia e retorna ao Brasil em 1979. Em 1986, é eleito pela segunda vez como governador de Pernambuco e, em 1993, passa a exercer a função de presidente nacional do PSB, cargo que ocupou até 2005. Arraes morreu aos 88 anos, no dia 13 de agosto de 2005.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional