No dia em que o país ultrapassa os 100 mil casos de infectados e as 7 mil mortes pelo novo coronavírus, o presidente Jair Bolsonaro participa de mais uma manifestação antidemocrática e inconstitucional em defesa de uma intervenção militar, do fechamento do Congresso Nacional e contra o Supremo Tribunal Federal (STF), na manhã deste domingo (3).
O ato começou com uma carreata na Esplanada dos Ministérios e terminou com uma aglomeração na Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto, em Brasília. Os manifestantes também criticaram o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro.
Em discurso aos manifestantes e sem usar máscara, Bolsonaro disse que “chegou ao limite”, sem esclarecer o que isso significa e o que pretende fazer caso haja novas decisões judiciais contrárias a atos da Presidência da República considerados ilegais.
Afirmou ainda que “não vai mais admitir interferências”, em referência às decisões do STF que contrariaram o presidente, como a suspensão da nomeação de Alexandre Ramagem para o comando da Polícia Federal. A decisão do ministro Alexandre de Moraes baseou-se em análise prévia de provas que indicariam que a nomeação de Ramagem representava desvio de finalidade, com o objetivo de interferir em investigações na PF.
O presidente ainda afirmou que “não tem mais conversa”, que O povo está ao seu lado e as Forças Armadas ao lado do povo pela “lei, ordem, democracia e liberdade”, e pediu a Deus que não tenha “problemas” essa semana.
“O que nós queremos é o melhor para o nosso País, a independência verdadeira dos três Poderes, não apenas uma letra da Constituição. Chega de interferência, não vamos mais admitir interferência, acabou a paciência. Vamos levar esse Brasil para frente”, disse.
“Vamos tocar o barco. Peço a Deus que não tenhamos problemas nessa semana. Porque chegamos no limite, não tem mais conversa. Tá ok? Daqui para frente, não só exigiremos, faremos cumprir a Constituição. Ela será cumprida a qualquer preço. E ela tem dupla-mão. Não é de uma mão de um lado só não. Amanhã nomeamos novo diretor da PF”, continuou.
Bolsonaro defendeu a flexibilização do isolamento social e a volta ao trabalho, destacando que muitas pessoas serão infectadas pela Covid-19 e muitas perderão suas vidas, mas que “é uma realidade, que temos que enfrentar”. Ele criticou os governadores que estão tomando medidas para combater a doença e os chamou de “irresponsáveis”.
“O país de forma altiva vai enfrentar seus problemas, sabemos do efeito do vírus, mas infelizmente muitos serão infectados, infelizmente muitos perderão suas vidas também, mas é uma realidade, e nós temos que enfrentar. Não podemos fazer com o que o efeito colateral do tratamento do combate ao vírus seja mais danoso que o próprio vírus”, disse.
Ao longo da manifestação, Bolsonaro interagiu com os manifestantes. Em vários momentos ele desceu, deu as mãos e cumprimentou as pessoas.
Durante o ato, jornalistas d’O Estado de S. Paulo, da Folha de S. Paulo, d’O Globo e do site Poder360 sofreram agressões físicas e ofensas por parte de simpatizantes de Bolsonaro. Este domingo (3) é o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa.
Um fotógrafo, dois jornalistas e um motorista, que dava apoio a uma das equipes de reportagem, foram hostilizados e agredidos pelos manifestantes, com chutes, murros, empurrões e rasteiras. Os profissionais da imprensa deixaram o local escoltados pela PM.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional