Os quatro anos seguidos de crise econômica fizeram com que o Brasil atingisse o nível recorde de pessoas em situação de extrema pobreza, em 2018. Segundo o estudo Síntese de Indicadores Sociais (SIS) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado nesta quarta-feira (6), 13,5 milhões de brasileiros estavam vivendo nessas condições no ano passado.
O IBGE aponta ainda que este contingente é o maior de toda a série histórica do levantamento, iniciada em 2012. É ainda maior do que a soma de todos os habitantes de países como Portugal, Bélgica, Cuba ou Grécia.
Segundo o IBGE, é considerado em situação de extrema pobreza quem dispõe de menos de US$ 1,90 por dia, o que equivale a aproximadamente R$ 145 por mês. Essa linha foi estabelecida pelo Banco Mundial para acompanhar a evolução da pobreza global.
O total de miseráveis no país vem crescendo desde que começou a crise, em 2015. Em 2014, 4,5% dos brasileiros viviam abaixo da linha de extrema pobreza. Em 2018, esse porcentual subiu ao patamar recorde de 6,5%. Em quatro anos de piora na pobreza extrema, mais 4,5 milhões de brasileiros passaram a viver na miséria, a maioria deles era de cor preta ou parda (75%).
Quando considerada a população abaixo da linha de pobreza – ou seja, com renda de US$ 5,50 por dia, cerca de R$ 420 mensais – eles também eram maioria.
Em 2018, 25,3% da população brasileira estavam abaixo da linha de pobreza, 52,5 milhões de pessoas, sendo 72,7% deles negros ou pardos.
O estudo revelou ainda que cerca de R$ 1 bilhão mensal seria suficiente para erradicar a extrema pobreza no Brasil. Para chegar a esse montante, o IBGE considerou que, em média, cada brasileiro que vive abaixo da linha de extrema pobreza precisaria receber cerca de R$ 76 a mais por mês.
O presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, condena o número crescente de brasileiros vivendo em situação de miséria. Segundo ele, as políticas destruidoras de direitos sociais do governo Bolsonaro irão agravar ainda mais este quadro.
A reforma da Previdência aprovada recentemente, por exemplo, representa a destruição da Seguridade Social e e irá acarretar o empobrecimento geral do país, sobretudo dos mais pobres, afirma Siqueira.
“Uma reforma que penaliza os mais pobres e não alcança os mais ricos, que não corrige privilégio algum, é a mais cruel, injusta e antipopular proposta deste governo. Os pobres precisam de trabalho, de oportunidades, de educação de qualidade”, defende.
Para o socialista, diferentemente do que faz o atual governo, é preciso expandir as políticas públicas e sociais que se mostram importantes para a redução da pobreza e aumento direto ou indireto do orçamento familiar dos que possuem renda muito baixa.
“Investir na educação, ampliar a cobertura de serviços essenciais como assistência médica e transporte coletivo, valorizar o salário mínimo e a formalização do mercado de trabalho são ações que diminuem as diferenças econômicas entre ricos e pobres”, apontou.