Autor: Tadeu Alencar, deputado federal pelo PSB-PE
A chegada do ministro aposentado do STF Joaquim Barbosa ao PSB é um ato carregado de simbolismos. O ex-ministro encarnou um importante movimento de afirmação institucional no País. Em meio ao variado espectro partidário, identificou-se com o ideário programático do Partido Socialista Brasileiro, instituição de 70 anos, que teve em seus quadros João Mangabeira, Antônio Houaiss, Miguel Arraes e Eduardo Campos. A defesa de bandeiras progressistas, da valorização das instituições públicas, dos princípios que regem a administração e da segurança jurídica, são valores caros aos socialistas.
Trabalhadores e investidores, todos têm a ganhar com regras claras, estáveis, que inspirem confiança e que resultem em ações que promovam o bem estar social. A trajetória do ex-ministro é a afirmação dos valores que o partido carrega em sua história: a luta por um País onde os brasileiros tenham igualdade de oportunidades, educação pública de qualidade e a meritocracia.
Joaquim Barbosa, negro, filho de pedreiro, engraxate, galgou espaços institucionais de relevo, pela via do mérito pessoal e educação pública. Educação, não por coincidência, destaque em Pernambuco, graças a uma verdadeira revolução das gestões do saudoso Eduardo Campos, a que o governador Paulo Câmara tem dado firme continuidade e, por isso, vem colhendo frutos. Pernambuco tem a melhor educação estatal do País, onde os alunos da rede pública “ganham o mundo”, as escolas técnicas multiplicaram-se e se tem a maior rede de escolas de referência do Brasil.
Por outro lado, Joaquim Barbosa é a face de um Brasil que muitos insistem em desconhecer: mais da metade da população é negra, e, em sua grande maioria, oriunda das parcelas mais humildes da sociedade, os excluídos. A sua relevância, claro, vai muito além da questão racial, o que seria uma redução simplista da sua expressão política, que ostenta visão de Estado, espírito público, zelo pela moralidade e apreço pelos valores da República.
O encontro de Barbosa com o PSB reforça uma visão moderna de Estado que em equilíbrio com o setor privado, gere um desenvolvimento econômico inclusivo, capaz de reduzir essa odiosa chaga da desigualdade, melhorando a vida do povo brasileiro. O PSB e Joaqim Barbosa têm, portanto, num País dilacerado por radicalidades estéreis, a chance de promover um verdadeiro diálogo sobre os rumos do Brasil, que seja profundo, tolerante e radicalmente democrático, revigorando o projeto nacional que apresentamos em 2014.
* Artigo originalmente publicado no Jornal do Commercio em 27/4/2018