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Um dia depois de o Brasil bater seu recorde de registro de mortes por Covid-19 em um período de 24 horas, chegando a 1.179 óbitos, o Ministério da Saúde publica um protocolo que prescreve o uso de cloroquina para todos os pacientes da doença.
No mundo, apenas os EUA, Reino Unido, China e França chegaram a contabilizar mais de mil mortos em um dia, segundo os dados da Universidade Johns Hopkins.
A medida vinha sendo defendida com insistência pelo presidente Jair Bolsonaro, apesar de admitir que a droga não é recomendada para tratar a doença. O medicamento provoca efeitos colaterais graves, com diversas disfunções no organismo e até mesmo a morte.
“Ainda não existe comprovação científica. Mas sendo monitorada e usada no Brasil e no mundo. Contudo, estamos em Guerra: ‘Pior do que ser derrotado é a vergonha de não ter lutado’.Deus abençoe o nosso Brasil!”, escreveu o presidente em redes sociais ao comentar o novo protocolo, divulgado Ministério da Saúde.
O novo protocolo foi assinado por um ministro interino da Saúde, o general Eduardo Pazuello, que não é médico. Antes dele, dois médicos que ocuparam a pasta, Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, não permaneceram no cargo por discordarem da intenção do presidente de liberar o remédio.
O total de mortos no Brasil pela Covid-19 chegou a 17.971, dados desta terça-feira, segundo o Ministério da Saúde.
A situação que se agrava no país, no entanto, não mereceu nenhuma mensagem de solidariedade de Bolsonaro com os familiares das vítimas. Ao contrário, o presidente ironizou a tragédia ao comentar a polêmica sobre o consumo da cloroquina:
“Quem é de direita toma cloroquina, quem é de esquerda, Tubaína”, repetiu várias vezes, em tom de deboche, durante entrevista a uma rádio.
O presidente disse que o protocolo não obrigará nenhum paciente a ser medicado com a substância, mas permitirá o seu uso por quem desejar. “O que é a democracia? Você não quer? Você não faz. Você não é obrigado a tomar cloroquina, agora, quem quiser tomar que tome”, disse.
Em meio a uma das maiores pandemias da história, a resposta de Bolsonaro para milhares de mortes e o sofrimento de quase 300 mil contaminados no país é o humor. No caso, o humor mórbido.