A deputada federal Janete Capiberibe (PSB/AP) afirmou nesta quarta-feira (20) em discurso no I Encontro das Mulheres Camponesas do Brasil, que a Carta com a pauta de reivindicações do Movimento terá seu apoio na Câmara dos Deputados. O evento, que reúne 3 mil mulheres camponesas, ribeirinhas, extrativistas de 23 estados brasileiros, foi iniciado na segunda-feira, 18, e segue até esta quinta, 21.
A socialista foi convidada pelas camponesas para participar do ato, em solidariedade às mulheres vítimas de escalpelamento. Janete é autora da Lei 11.970/2009, que obriga a instalação de proteção no volante e eixo dos motores estacionários adaptados à navegação.
Autoestima
Pelo menos dez trabalhadoras rurais doaram parte dos seus cabelos para enviar à Associação das Mulheres Vítimas de Escalpelamento da Amazônia. A cabeleireira Maria Vanilza, que tem um salão de beleza no Guará, cidade satélite de Brasília, faz os cortes de graça quando o objetivo é doar os cabelos às vítimas do acidente. Sua iniciativa foi motivada pelas campanhas de prevenção ao escalpelamento e de doação de cabelos, realizadas no ano passado pela Empresa Brasileira de Comunicação.
Enquanto a deputada Janete Capiberibe contava o drama das mulheres escalpeladas às milhares de camponesas, a plateia, solidária, foi se juntando em torno do salão de beleza improvisado.
A explicação para o ato de solidariedade estava na ponta da língua. “É importante porque o cabelo representa muito da autoestima da mulher. A doação ajuda também a reinserção na sociedade, por que as vítimas se afastam das pessoas quando perdem o cabelo”, dizia a jovem doadora Arlene Boa, do Espírito Santo enquanto Vanilza ia cortando e organizando as mechas que vão para o Amapá.
Reivindicações
A doação de cabelos está em consonância com a exigência de políticas públicas eficientes, a realização de campanhas de prevenção e a fiscalização das embarcações pela Marinha do Brasil. A deputada Janete cobrou a implantação de uma linha de crédito com recursos do Fundo da Marinha Mercante e subsídio do Tesouro Nacional para renovar a esquadra ribeirinha e a implantação de escolas técnicas de carpintaria naval e navegação fluvial para erradicar os acidentes.
No Amapá, nenhum acidente ribeirinho com escalpelamento é registrado desde 2011. No Pará, foram 12 casos no ano passado e 8 em 2011.
Reivindicações
O lema do I Encontro das Mulheres Camponesas do Brasil é “Na sociedade que a gente quer, basta de violência contra a mulher”. Elas cobram o cumprimento integral da Lei Maria da Penha, do Pacto de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres e das políticas voltadas à proteção e assistência às mulheres camponesas.
Além disso, elas reivindicam políticas públicas para potencializar a produção de alimentos diversificados e saudáveis, o acesso das mulheres à terra e ao crédito, à comercialização, à assistência técnica, à pesquisa pública e a implementação da Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica; a ampliação da licença maternidade para seis meses, a inclusão das práticas populares de cuidado e atenção integral à saúde das mulheres e dos povos do campo e da floresta.