O senador João Capiberibe (PSB-AP) acredita que o assassinato do coronel Paulo Malhães, ocorrido na sexta-feira passada, não é um caso de roubo seguido de morte nem tão somente um caso de queima de arquivo.
Capiberibe lembrou que, até agora, Paulo Malhães foi o único à confessar à Comissão da Verdade que torturou presos políticos durante o regime militar. Ele revelou inclusive detalhes de como torturava e de sua participação na ocultação do cadáver do deputado Rubens Paiva.
O coronel Malhães teria dito ainda que os altos escalões do governo militar sabiam das torturas. Para Capiberibe, o depoimento de Malhães foi uma grande contribuição para o esclarecimento dos crimes da ditadura militar. Por isso, ele acha estranho que o coronel tenha sido assassinato um mês depois das revelações feitas à Comissão da Verdade.
– Há fortes suspeitas que levam à imaginar uma ação de queima de arquivo para calar definitivamente o coronel Malhães, mas eu também levanto outra possibilidade, além da queima de arquivo: como ele foi o único a informar com detalhe e precisão sobre os crimes da ditadura, acho que esse crime também tem como objetivo novos depoentes – disse.
João Capiberibe também pediu ao Senado que vote logo o projeto que muda a Lei de Anistia. Ele explicou que a proposta do senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) tem como objetivo adequar a Lei de Anistia à Constituição federal, a qual determina que não pode haver graça nem perdão para crimes de tortura e outros crimes contra os direitos humanos.