O Centro Brasileiro de Estudos Latino-Americanos-CEBELA, inicia pesquisa sobre o primeiro presidente Nacional do Partido Socialista Brasileiro (PSB), Antônio Houaiss. O objetivo é levantar os dispersos deste acadêmico socialista.
“Como é sabido, a bibliografia do nosso primeiro presidente nacional após a redemocratização (1985), mais do que em livros por ele assinados, está dispersa em um sem-número de publicações. São artigos editados em revistas científicas ou não e em jornais, introduções, apresentações e ''orelhas ' de livros, pareceres, edições críticas, discursos, conferências, entrevistas etc”, afirmou Roberto Amaral, vice-presidente do PSB e editor-chefe da revista Comunicação&política produzida pelo Cebela.
Neste sentido, o Cebela e o PSB Nacional pedem a todos que dispuserem de algum texto de Antônio Hoauiss com esse caráter, ou possam indicar outras referências, o favor de informar ao CEBELA mediante o seguinte endereço eletrônico: [email protected]
Antônio Houaiss
Antonio Houaiss, professor, diplomata, filólogo, lexicógrafo e ensaísta, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 15 de outubro de 1915. Eleito em 1o de abril de 1971 para a Cadeira n. 17, na sucessão de Álvaro Lins, foi recebido em 27 de agosto de 1971, pelo acadêmico Afonso Arinos de Melo Franco. Em 7 de março de 1999, Antônio Houaiss morre aos 84 anos, na Cidade do Rio de Janeiro, de pneumonia.
É o quinto dos sete filhos de Habib Assad Houaiss e Malvina Farjalla Houaiss. Toda a sua formação intelectual foi no Rio de Janeiro: primário no ensino público, perito-contador pela Escola de Comércio Amaro Cavalcanti (1933); curso secundário de madureza (1935); bacharel (1940) e licenciado (1942) em letras clássicas pela Faculdade Nacional de Filosofia da Universidade do Brasil. Casou-se, em 1942, com Ruth Marques de Salles (falecida a 4 de julho de 1988) e não teve filhos.
Foi professor, tendo lecionado português, latim e literatura no magistério secundário oficial do então Distrito Federal, de 1934 a 1946, quando pediu exoneração, por força da lei de desacumulação, ao optar pela carreira diplomática. Foi também membro examinador de português de vários concursos promovidos pelo DASP para preenchimento de cargos públicos (1941 a 1943); colaborador permanente do DASP na elaboração de provas de português para o serviço público (1942-1945), professor contratado pela Divisão Cultural do Ministério das Relações Exteriores para lecionar português e dar cursos sobre questões culturais brasileiras no Instituto de Cultura Uruguaio-Brasileiro de Montevidéu (1943 a 1945).
Na carreira diplomática, por concurso de provas em 1945, foi vice-cônsul do Consulado Geral do Brasil em Genebra (1947 a 1949), servindo também como secretário da delegação permanente do Brasil em Genebra, junto à Organização das Nações Unidas, e integrando representações brasileiras a assembléias gerais das Nações Unidas, da Organização Internacional do Trabalho, da Organização Mundial da Saúde e da Organização Mundial de Refugiados. Foi terceiro secretário da Embaixada no Brasil em São Domingos, República Dominicana, de 1949 a 1951, e em Atenas, de 1951 a 1953; primeiro secretário e depois ministro de segunda classe da delegação permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas em Nova York, de 1960 a 1964; membro da Comissão de Anistia de Presos Políticos de Ruanda-Urundi que em Usumbura examinou os processos de 1.220 presos políticos, anistiados todos pela Assembléia Geral das Nações Unidas por proposta da referida comissão, em 1962; relator da IV Comissão da Assembléia Geral das Nações Unidas (tutela e territórios não-autônomos), em 1963.
A serviço do Ministério das Relações Exteriores, consolidou as 14.000 instruções de serviço no primeiro Manual de serviço (1947) desse Ministério, ainda vigente, com refundições. Foi assessor de documentação da Presidência da República, de 1957 a 1960, quando foram publicados 83 volumes documentais do qüinqüênio presidencial, segundo plano sistemário seu. Aposentado, em 1964, por terem sido suspensos seus direitos políticos por dez anos.
Foi secretário-geral do Primeiro Congresso Brasileiro de Língua Falada no Teatro, realizado em 1956, em Salvador, para o qual apresentou a tese que se tornou base das conclusões – normas da língua falada culta no Brasil – e encarregado da elaboração dos Anais respectivos (Rio de Janeiro e Salvador, 1958). Exerceu as funções de colaborador e pesquisador na Casa de Rui Barbosa, de 1956 a 1958 e de secretário-geral do Primeiro Congresso Brasileiro de Dialectologia e Etnografia (Porto Alegre, 1958), elaborando os Anais respectivos, publicados pela Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, em 1970.
Tem colaborado na imprensa do Rio de Janeiro e de São Paulo, tendo sido redator do Correio da Manhã (1964-1965). Membro da Comissão Machado de Assis, desde a sua criação em 1958, e da Academia Brasileira de Filologia, eleito em 1960. Exerceu a superintendência na Editora
Delta S/A, do Rio de Janeiro, de 1965 a 1970, e foi editor-chefe da Enciclopédia Mirador Internacional.
Presidente do Sindicato dos Escritores do Rio de Janeiro (1978-1981) e do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Imprensa (1983-1986). Membro da Comissão constituída pelo Ministro da Justiça para estudar a legislação censória e suas práticas no Brasil, e propor medidas anticensórias (março-julho de 1984) e da Comissão para o Estabelecimento de Diretrizes para o Aperfeiçoamento do Ensino/Aprendizagem da Língua Portuguesa, instituída pelo Decreto n. 91.372 de 26 de junho de 1985, com relatório conclusivo de 20 de dezembro de 1985.
Delegado do Governo para proceder nos países de língua oficial portuguesa (Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe) o convite de presença à realização do Encontro para a Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa (janeiro — fevereiro de 1986), foi membro da delegação brasileira no Encontro para a Unificação Ortográfica da Língua Portuguesa, realizado no Rio de Janeiro de 6 a 12 de maio de 1986, do qual foi o secretário-geral e delegado porta-voz brasileiro.
Integrou, em Brasília, na Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, um grupo interdisciplinar sobre "A política da língua". Em 1988, organizou o Congresso Internacional de Tradutores, realizado no Instituto Internacional de Cultura (Campos — RJ), tendo sido o vice-presidente e o secretário-executivo do Encontro.
Em 1989, fez parte, em Lisboa, do Júri do primeiro Prêmio Luís de Camões, conferido a Miguel Torga. Foi nomeado para o Conselho Federal de Cultura, do qual participou até a sua extinção. Em 1990, recebeu o Prêmio Moinho Santista, na categoria Língua.
Ministro da Cultura do Governo Itamar Franco (1993); foi membro do Conselho Nacional de Política Cultural, do Ministério da Cultura (1994-1995), de que foi vice-presidente e renunciou dessa qualidade em abril de 1995. Foi presidente da Academia Brasileira de Letras (1996); em 1997, inaugurou o Instituto Antônio Houaiss, para continuar a elaboração e feitura do Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tarefa a que se dedica até sua morte.