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Desde que foi nomeado para assumir interinamente o Ministério da Saúde há 100 dias, o general da ativa Eduardo Pazuello viu o número de mortos pelo novo coronavírus saltar de 14.417 para 114.772. Já os infectados passaram de 230 mil para mais de 3 milhões de casos de 16 de maio até este momento. Além disso, em sua gestão ainda provisória e militarizada, o Brasil contabiliza uma média de 1 mil mortos a cada dia.
Nesta segunda-feira (24), o ministro disse, durante evento de inauguração de unidade de apoio ao diagnóstico da Covid-19 da Fiocruz, no Ceará, que os números do país sobre a pandemia serão “muito positivos”.
“Não estou falando apenas de números, que serão muito positivos no final, quando colocarmos cálculos com relação à população brasileira e, infelizmente, às perdas. Estou falando do que fizemos para o combate à pandemia”, afirmou.
Pazuello ainda disse que o trabalho do Sistema Único de Saúde será reconhecido como “a grande resposta à pandemia no mundo”. Ele admite que desconhecia o funcionamento do SUS antes de assumir a pasta. Afinal, não é um especialista da área de saúde, mas sim um militar.
Entretanto, ao seguir ordens do presidente Jair Bolsonaro, o ministro tem falhado na execução do orçamento disponibilizado para o enfrentamento da pandemia e segue recomendando o tratamento com cloroquina e hidroxicloroquina, medicamentos sem comprovação científica sobre segurança e eficácia contra o coronavírus.
“Se tivéssemos feito isso (tratamento precoce) desde o início, teríamos tido menos mortes no país. Estou falando isso alinhado com todos os conselhos (de Estados e municípios)”, defendeu o ministro na inauguração. Ele ainda afirmou, sem apresentar evidências, que o risco de morrer cai “drasticamente” se a medicação for aplicada logo nos primeiros sintomas.
Superfaturamento
O Tribunal de Contas da União (TCU) acompanha o uso de R$ 76 bilhões destinados ao combate à covid. O Ministério Público, junto ao TCU, também protocolou pedido para que o tribunal investigue superfaturamento na produção de cloroquina pelo Exército Brasileiro, que passou a fabricar 84 vezes mais o volume do medicamento, por determinação de Bolsonaro.
Pazuello também minimiza a falta de testes para o diagnóstico da Covid-19 no país e destaca que o exame clínico, feito pelo médico em consultório, pode confirmar o diagnóstico.
Especialistas, no entanto, afirmam que a testagem em larga escala é essencial para, por exemplo, isolar contatos de pessoas que foram infectadas e podem sequer apresentar sintomas.
A rede pública fez 2,18 milhões de exames deste tipo durante a pandemia. O número é menos de 10% da meta do governo federal, de 22,4 milhões. Em julho, foram feitos 15,5 mil exames por dia, em média. A promessa do governo é chegar a 115 mil em até 2 meses.
A ideia inicial era de Pazuello permanecer no Ministério da Saúde por 90 dias. Entretanto, o ministro afirma não haver prazo para encerrar a interinidade.
“Na hora que achar que a missão acabou, vou falar para o presidente que a missão dada inicialmente foi cumprida. Se ele quiser que eu permaneça, eu vou permanecer. Se ele disser ‘muito obrigado’, volto para o quartel. É simples”, afirma.
Sobre a conciliação da atual condição na carreira militar com o comando da pasta, ele destaca que “não tem nada a ver uma coisa com a outra”. “Você pode ser da ativa e ficar agregado até dois anos”, argumenta.
Assessoria de Comunicação/PSB Nacional com informações do Estadão e do Correio Braziliense