O governo federal tem uma postura em relação ao combate às mudanças climáticas aquém do que deveria, e é papel das lideranças dos Estados pressionar o Planalto sobre o tema, defendeu nesta quinta-feira (26) o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB).
O socialista participou da Conferência Brasil Verde, realizada pelo jornal Estadão em parceria com o Ambipar Group. “É possível pressionar o governo, incentivando a ser mais propositivo na área, com maior protagonismo”, disse, em entrevista ao jornalista Luís Fernando Bovo.
De acordo com Casagrande, os Estados não podem substituir a presença do governo federal, mas existe a possibilidade de se colocarem em fóruns internacionais. Para isso, foi criado, nesta semana, por sugestão do governador socialista, o consórcio “Brasil Verde”, que tem como premissa realizar ações em defesa do meio ambiente, executadas por cada ente federativo, mas de maneira coordenada.
“A temperatura do planeta como um todo está aumentando, precisamos tomar medidas para evitar a continuidade disso”, afirmou. O Brasil é continental, cada Estado tem dimensão de um país da Europa. Nós teremos, nesse cenário, decisões com um consórcio único dos Estados brasileiros, com fundo único, governança única. Isso mostra que temos condições de relacionamento com a sociedade, de forma transparente e profissional”, explicou.
Casagrande ressaltou ainda que o tema de combate a mudanças climáticas tem como agravante o fato de não haver uma forte mobilização das pessoas em volta do tema, sem pressão popular sobre os líderes. “As pessoas não veem facilmente as mudanças, a não ser que seja um desastre ambiental”, avaliou.
O governador salientou que a mudança climática não é somente uma questão de gestão pública. Para ele, a presença de empresas privadas nesse processo é muito importante, principalmente quando se fala em neutralização de carbono. “O setor privado é fundamental para ajudar no financiamento de projetos de carbono para neutralizar a emissão, em ações ESG, com preocupação ambiental. Ou seja, a mudança climática não é uma questão somente da gestão pública. É um tripé: setor público, empresas privadas e pessoas físicas, vendo o perfil de consumo no dia a dia e a origem dos produtos”, disse.
Nesse cenário de dificuldade para fazer o tema chegar à população, o governador do Espírito Santo afirmou que a atuação de influenciadores digitais pode ser primordial para o combate às mudanças climáticas. “Nesta semana, o Coldplay (banda britânica) fez postagem em rede social sobre o assunto e nós respondemos. A Greta (Thunberg) é bem ativa. Isso ajuda a consolidar o tema. Infelizmente, ainda temos muitos negacionistas. Precisamos de um trabalho forte de conscientização, com investimento em educação”, sugeriu.
Com informações do Estadão