A Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça realizou audiência pública nesta quarta-feira (16) para discutir a repressão política aos camponeses durante a ditadura militar. A coordenadora do grupo, deputada Luíza Erundina (PSB-SP), abriu os trabalhos reforçando a importância de ouvir todos os envolvidos na repressão no campo. “Esperamos que essa comissão complete o processo de redemocratização do país e que se faça justiça aos bravos e bravas brasileiras, que podem estar aqui hoje com total liberdade e soberania”.
O ex-militante da ação Popular e militante em Direitos Humanos, Manoel Conceição Santos, esteve presente na audiência e deu seu testemunho na condição de vítima da repressão no campo. “Fui preso nove vezes, mas só três delas foram registradas porque fiz uma campanha nacional e internacional. O resto foi só prisão e um sofrimento enorme”.
Manoel também divulgou um discurso, lido em plenário pela deputada Érika Kokay (PT-DF), sobre sua história de vida e a violência sofrida pela repressão no passado. Ao final da leitura, Manoel ficou visivelmente emocionado e foi aplaudido de pé por todos os presentes na audiência.
A reunião também abriu espaço para o lançamento do livro: Retrato da Repressão Política no Campo – Brasil 1962 – 1985: Camponeses Torturados, Mortos e Desaparecidos. O projeto do livro foi coordenado pelo professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Moacir Gracindo Soares Palmeira. “O depoimento do Manoel resume bem o que será encontrado no livro. Tudo isso é fruto de um trabalho coletivo para relatar os registros da repressão no campo”.
A Comissão Parlamentar Memória, Verdade e Justiça é vinculada à Comissão de Direitos Humanos e Minorias.