Hoje é o Dia Nacional da Consciência Negra e a data é um reconhecimento a Zumbi dos Palmares. Um líder dos quilombos e a maior referência da luta e da resistência dos negros escravizados no Brasil. Ainda assim, essa consciência em deferência a Zumbi só tomou forma a partir da década de 1970 e a data nacional só foi instituída oficialmente em 2011 por meio da promulgação da lei nº 12.519.
E cadê Dandara? Quem é essa mulher? Onde ela se insere? Dandara foi companheira de Zumbi e com quem teve três filhos: Motumbo, Harmódio e Aristogíton. Ela foi uma líder, uma das mais capazes lutadoras de capoeira dos quilombos, uma guia entre a legião feminina do exército palmarino. Uma mulher que lutou contra a humilhação, que imposta aos negros e negras no período da escravidão, tinha por objetivo aniquilar a identidade e a personalidade dos escravizados.
Dandara é o símbolo maior das mulheres dos quilombos e no Brasil de hoje é uma personalidade que dá peso a luta das mulheres pela igualdade. É a personificação do movimento capaz de induzir a uma reflexão imprescindível no que se refere às desiguais condições em que são submetidas as mulheres negras na sociedade atual. Condições essas, em total desequilíbrio com a luta das mulheres brancas. Os avanços registrados em números ascendentes nas questões de gênero estão longe de contemplar igualmente as mulheres negras.
Segundo dados do Censo Demográfico do IBGE há um abismo desproporcional entre mulheres negras e mulheres brancas. Em relação a conclusão do ensino superior a diferença é 6,71% para 17,7%. A renda mensal das negras é 50% menor e ainda assim elas contribuem nas famílias com 42% contra 39,7%. Além do mais, as negras ainda representam a maior parcela entre as empregadas domésticas e a menor parcela entre as empregadoras.
Essa mulher, Dandara dos Palmares, tem que ser fortemente lembrada e enaltecida. As marcas do machismo impostas na sociedade não deram o devido reconhecimento a ela. E a situação se agrava ainda mais quando há o machismo atuando de um lado e o racismo atuando de outro. A imagem de Dandara tem que estar vestida em cada mulher brasileira que luta por condições de igualdade e que acredita numa sociedade livre de preconceitos. Os quatro séculos de escravidão negra no Brasil ainda estão conservados no desequilíbrio da atualidade e Dandara é mais um exemplo de luta feminina inserida na história.